Eleições

Em 10 anos, Fernando Francischini ampliou patrimônio em quase 600%

Deputado estadual do Paraná teve o mandato cassado por disseminação de fake news

Registros da Justiça Eleitoral indicam que, em dez anos dedicados à carreira político-partidária, Fernando Francischini ampliou o seu próprio patrimônio em mais de 590%. Em 2010, quando se candidatou pela primeira vez a um cargo eletivo, ele declarou ter R$ 207,5 mil em total de bens. Uma década depois, em 2020, o valor apresentado às autoridades superou R$ 1,43 milhão.

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No período em que teve de declarar bens ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Francischini, atualmente filiado ao União Brasil do Paraná, foi de deputado federal eleito, com mais de 130 mil votos, a candidato derrotado à Prefeitura de Curitiba. Na tentativa de se tornar prefeito da capital paranaense, recebeu apenas 6,26% dos votos válidos (52.340) e ficou na terceira colocação geral da disputa que teve Rafael Greca (União Brasil) reeleito no primeiro turno.

O pleito municipal de 2020 representou a primeira derrota eleitoral de Francischini. Isso porque em 2014 ele foi reeleito deputado federal. Quatro anos depois, voltou a ter êxito junto ao eleitorado, mas para atuar em outro órgão: em vez de tentar mais um mandato na Câmara dos Deputados, o político conquistou o direito de ocupar uma das 54 cadeiras da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep).

Mais do que eleito deputado estadual em 2018, Francischini foi responsável por um recorde. Com 427.724 votos, tornou-se o mais votado da história do Paraná para o cargo. Além disso, teve, de certo modo, outra vitória na mesma eleição. Afinal, foi um dos responsáveis pela candidatura de Felipe Francischini (seu filho e que era parlamentar estadual) a deputado federal -- eleito com mais de 241 mil votos.

Filho de Fernando, Felipe Francischini foi eleito deputado federal em 2018 | Divulgação/Câmara dos Deputados

A evolução patrimonial

Como qualquer outro candidato a cargos do Executivo ou Legislativo, Fernando Francischini teve que declarar seus bens em toda eleição que disputou. Conforme números divulgados pela Justiça Eleitoral, constata-se que, de disputa em disputa, o patrimônio dele só cresceu no período. Dados públicos do TSE apresentam os seguintes valores em total de bens:

  • 2010 - Deputado federal pelo Paraná - PSDB

R$ 207.500,00 (99% da empresa Editora Fator, recebíveis de um sobrado em Pontal do Paraná/PR e 50% de um apartamento em Curitiba).

  • 2014 - Deputado federal pelo Paraná - Solidariedade

R$ 285.023,83 (99% da empresa Editora Fator, 50% de um apartamento em Curitiba, um carro Hyundai Veracruz ano 2009, saldo em quatro contas bancárias e R$ 3 mil em espécie/dinheiro vivo).

  • 2018 - Deputado estadual pelo Paraná - PSL

R$ 902.434,48 (um carro Hyundai Veracruz ano 2009, 50% de uma casa em Almirante Tamandaré/PR e saldo em uma única conta bancária).

  • 2020 - Prefeito de Curitiba - PSL

R$1.439.040,00 (um carro Hyundai Veracruz ano 2009, 50% de uma casa em Almirante Tamandaré/PR, duas casas em Curitiba e 50% da empresa FF Cursos Preparatórios, Desenvolvimento Profissional & Agência de Marketing Digital Ltda).

O salto patrimonial se deu entre as eleições de 2014 e 2018. Nesse período, um apartamento avaliado em R$ 92,5 mil deixou de figurar na declaração de bens. No lugar, porém, passou a constar a casa que, sozinha, é avaliada em R$ 750 mil. O imóvel, que também constou na declaração feita à Justiça Eleitoral em 2020, está localizado em Almirante Tamandaré, município da Região Metropolitana de Curitiba.

Os outros 50% da residência em Almirante Tamandaré e da empresa FF pertecem à mulher de Francischini, a advogada Flávia Carolina Resende Jaber Francischini. Em 2020, ela seguiu os passos do marido e do enteado -- é madrasta de Felipe --, resolvendo entrar para a política partidária. Foi eleita vereadora de Curitiba. Assim como o marido, declarou deter patrimônio milionário: R$ 1.678.492,00 em total de bens, informa o TSE.

Mandato cassado por fake news

Em nenhum momento, a evolução patrimonial de Fernando Francischini foi considerada irregular pela Justiça Eleitoral, que inicialmente deferiu as quatro candidaturas que ele concorreu. Contudo, algo fora da questão financeira foi considerado ilegal. Em outubro de 2021, o TSE determinou a cassação do mandato dele como deputado estadual no Paraná. De acordo com o entendimento da Corte, o parlamentar atentou contra a democracia ao espalhar notícias falsas a respeito da confiabilidade das urnas eletrônicas usadas no país.

Francischini tornou-se o primeiro político da história do Brasil a ser condenado pela disseminação de fake news. Desde o início deste mês, a situação política dele voltou à tona, com direito a imbróglio jurídico e político. Num primeiro, ele foi beneficiado por decisão monocrática de Nunes Marques. Isso porque o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou -- liminarmente -- a decisão do TSE e reestabeleceu o mandato de deputado estadual.

Hoje integrante do União Brasil, partido que surgiu neste ano a partir da fusão do PSL com o DEM, Francischi chegou a novamente tomar posse como parlamentar da Alep, o que ocorreu no dia 6 de junho, conforme noticiado pelo SBT News. No dia seguinte, porém, decisão da 2ª Turma do STF o fez voltar à condição de político com mandato cassado. Por três votos a dois, o colegiado validou a decisão do TSE e, assim, tornou sem efeito prático o fato de o ministro André Mendonça ter pedido vista -- mais tempo para analisar o tema -- em outro processo referente ao caso e que aguarda por julgamento no Supremo.

Assista ao vídeo

Diante do fato de novamente figurar como político com mandato cassado pela disseminação de fake news e dos registros que mostram que o total de bens foi ampliado em mais de 590% em dez anos, a reportagem do SBT News entrou em contato com a equipe de comunicação de Fernando Francischini. Por meio de canal divulgado no site oficial dele, foram enviados questionamentos na última 4ª feira (15.jun). Neste sábado (18.jun), a resposta, que, por ora, limita-se a informar que "em breve, teremos novidades".

No âmbito jurídico, se não houver mais nenhuma decisão por parte do Poder Judiciário no decorrer dos próximos quatro meses, a novidade será que, depois de 12 anos, Fernando Francischini será impedido de disputar uma eleição. Além de cassar o mandato de deputado estadual, a decisão do TSE -- atualmente em vigor -- o faz perder os direitos políticos pelo período de oito anos.  

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