Qual a distância entre a eleição argentina e a brasileira
Confira quatro diferenças e quatro semelhanças do processo eleitoral e dos candidatos do Brasil e da Argentina
Quase 3.000 km separam Brasília de Buenos Aires. A distância eleitoral entre os dois países pareceu um pouco menor com a candidatura de um político conservador da oposição, Javier Milei, e a convocação de publicitários brasileiros pelo governista e atual ministro da Economia, Sergio Massa. A pedido do SBT News, o doutor em ciência política Leandro Gabiati listou semelhanças e diferenças das duas campanhas.
Por que isso importa: A Argentina é integrante do Mercosul e o terceiro maior parceiro comercial do Brasil. Em 2022, entre importações e exportações, o saldo brasileiro foi de US$ 2,21 bilhões. "As campanhas de 2018 no Brasil e de 2023 na Argentina têm semelhanças que nos levam a análises comuns, mas as diferenças são tão ou mais importantes nessas avaliações", diz Gabiati, que é argentino, gruduado pela Universidade de Buenos Aires, com mestrado e doutorado pela Universidade de Brasília (UnB).
As principais semelhanças:
- Fracasso da política tradicional: as instituições e os partidos não conseguiram se atualizar com as novas tecnologias, dando espaço para políticos mais próximos da nova política.
- Deterioração das instituições democráticas: há um desgaste tanto dos poderes Executivo e Legislativo, a partir das denúncias de corrupção e das crises econômicas nos dois países.
- Crise econômica: por mais que os problemas sejam distintos, a economia é um tema comum nas eleições tanto brasileira quanto argentina. A fragilidade de governistas está neste tema.
- Milei de 2023 e Bolsonaro de 2018: são figuras desruptivas e totalmente imprevistas na política, que cresceram justamente em questões relacionadas aos pontos anteriores.
As principais diferenças:
- Lula: a eleição argentina de 2023 não tem um candidato de esquerda como Lula, um candidato que teria condições de vencer Bolsonaro em 2018 e estava fora do jogo, voltando em 2022.
- Sistema político: há um bipartidarismo na argentina mais próximo dos Estados Unidos do que do Brasil, refletido no Legislativo, marcando a própria forma de composições eleitorais e de governo.
- Conservadorismo: o Brasil demorou a abolir a escravatura, considerando a própria conquista de direitos. Questões como aborto e controle mais efetivo de armamentos estão mais definidos na Argentina.
- Distribuição de votos: enquanto Bolsonaro teve a base de apoio entre os eleitores mais velhos, Milei conquistou o apoio dos mais jovens, mostrando uma diferença crucial nas estratégias da campanha.
Confira: