Relatório aponta possível uso de bots nas redes na véspera do 8 de janeiro
ITS identificou 35% de usuários com alta probabilidade de comportamento automatizado
Análise feita pelo Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS Rio) mostra a possível existência de bots, no Twitter, no fim de semana marcado pelos atos golpistas. Foi identificado um alto número de usuários que podem ser robôs, fazendo posts que continham as hashtags "Festa da Selma", "Selma" ou "Supremo é o povo", entre os dias 6 e 8 de janeiro.
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De 19.580 usuários que compartilharam a última expressão, 35% apresentaram "probabilidade de comportamento automatizado" com valor igual ou maior a 80%. Apenas 26,9% das contas foram responsáveis pelo compartilhamento de 15.579 tweets e RTs, ou seja, 44,2% do volume total coletado.
As hashtags analisadas são usadas, principalmente, por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A análise do ITS Rio, referente ao Twitter, foi feita pelo Pegabot, projeto da entidade em parceria com o Instituto Equidade & Tecnologia.
O Pegabot consiste em uma plataforma na qual é possível "verificar a atividade de uma conta de rede social para saber a probabilidade do perfil ser bot. Quanto maior a nota, maior a chance de ser".
Do total de tweets coletados contendo "Supremo é o povo" (35.238), 17,7% eram nativos, ou seja, eram os "originais", e 82,3% foram republicados por outras contas (RTs). Além disso, 85% dos usuários só realizaram a menção à hashtag até duas vezes, enquanto 31,6% foram responsáveis por 62% dos tweets.
Algumas contas fizeram compartilhamentos com a palavra-chave mais de 40 vezes. Uma fez mais de 136 publicações. Entre as hashtags mencionadas junto a "Supremo é o povo", estão "brasilnasruas", "golpedeestado" e "grevegeral".
Festa da Selma
O uso das hashtags "Festa da Selma" e "Selma" foram analisadas considerando o período de 00h37 do dia 4 até as 16h59 de 8 de janeiro. Elas foram mencionadas por 5.925 usuários, dentre os quais 43,8% (2.595) tem probabilidade de comportamento automatizado com nota igual ou superior a 80%.
Esses usuários responderam por 44,6% (3.469) do volume total de tweets coletados (7.773). "Festa da Selma" foi a forma como bolsonaristas se referiram à invasão das sedes dos Três Poderes.
Dentre os tweets que compõem a amostra, 13,4% eram nativos, e 86,8%, RTs. Além disso, 26,9% dos usuários foram responsáveis por 52,2% das publicações. O levantamento mostra ainda que 89% das 5.925 contas fizeram menção à hashtag até duas vezes, enquanto algumas fizeram compartilhamentos com a palavra-chave mais de 20 vezes, e uma, 32.
Entre as hashtags mencionadas junto a "Festa da Selma" e "Selma", estão "brasilnasruas", "grevegeral" e "greve dos caminhoneiros".