Tecnologia

"Todos os setores da indústria poderão ser beneficiados" pelo 5G, diz ABDI

Presidente da ABDI falou ao SBT News sobre a implementação da tecnologia e seu uso de modo produtivo

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O presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Igor Calvet, afirmou nesta 6ª feira (28.out) que "todos os setores da indústria poderão ser beneficiados" pela tecnologia 5G e que esta vem para reduzir o custo de operação e, consequentemente, ampliar a margem de lucro das empresas, sejam elas industriais, do varejo ou na agricultura.

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As declarações foram dadas em entrevista ao SBT News. Atualmente, de acordo com Calvet, já existe fábrica a utilizando para ter uma inspeção interna melhor: graças ao 5G, os chamados veículos autoguiados (AGVs) cobrem "toda área, fazendo inspeção do processo produtivo sem perda, e sem pontos escuros". Isso permite diminuir as perdas da produção.

Na agricultura, a tecnologia pode ser usada, por exemplo, para facilitar a colheita, conectando as máquinas usadas no processo. "Uma máquina operando e as outras conectadas umas às outras por meio de tecnologia 5G. O que uma faz, a outra faz. Se uma para, a outra para. Então são efeitos muito positivos na indústria e na agricultura da tecnologia 5G", pontua Calvet.

O 5G chegou às primeiras cidades brasileiras neste ano. A ABDI, que elabora e executa ações que contribuem para o desenvolvimento do setor produtivo do Brasil, possui um projeto -- denominado Conecta 5G -- com o objetivo de testar nos municípios do país o acesso à tecnologia. Por meio do Conecta, de acordo com o presidente da associação, ela é instalada em postes públicos, e isso pode melhorar o trânsito, entre outras coisas.

"Porque você vai ter radares ali, você vai poder ter câmeras vinculadas, melhorando o trânsito, você vai poder também conectar o poste com uma central de controle e comando, provendo melhoria do tráfego, melhoria da segurança pública, e você tem uma série de outros casos de uso, como regiões que precisa tomar cuidado com áreas de encosta em deslizamentos, você pode cuidar dos bueiros, também serem inteligentes, quando tiver algum sensor que pode conectar e dizer que aquele bueiro está cheio, precisa de uma nova limpeza. Então tudo isso passa a vir de uma iluminação pública", fala Calvet.

Outro projeto da ABDI envolvendo o 5G consiste na testagem deste dentro das empresas, na forma de robôs autônomos e realidade aumentada para verificação de erros no processo produtivo.

Confira a entrevista na íntegra:

A população comum, os moradores de cada cidade, esperam o 5G para abaixar filmes, ouvir áudio, mas o 5G é muito mais amplo, correto?

É, o 5G não é em definitivo um 4G mais um. É uma nova tecnologia, com características novas, e que proporciona a partir dessas características novos casos de uso. Os melhores e mais promissores casos de uso hoje estão no mundo corporativo e não para nós, indivíduos e cidadãos comuns, que hoje já utilizamos a tecnologia 4G para aquilo que nos interessa, baixar vídeo, baixar músicas e outras coisas. O mundo corporativo, entretanto, tem muito a aprender e a desfrutar, aumentando os seus ganhos e reduzindo os seus custos utilizando a tecnologia 5G. Utilização de realidade aumentada, realidade virtual, Internet das Coisas, aprendizagem de máquina, então soluções que podem viabilizar, por exemplo, a Indústria 4.0. E a Indústria 4.0 está em todos os setores. Desde o setor audiovisual, passando pela indústria do aço, a indústria automotiva, qualquer uma que você escolher pode ser beneficiada pela Indústria 4.0. Portanto, a tecnologia 5G é uma tecnologia habilitadora para a indústria 4.0. Não só no Brasil com no mundo inteiro.

E quais são os projetos em andamento na ABDI em relação à implementação do 5G?

Nós temos pelo menos dois projetos robustos para a implementação do 5G. Um diz respeito à implementação de tecnologia 5G em luminárias, em postes públicos para prover não só iluminação pública, mas também conectividade 5G para a população e para as empresas. Nós temos uma parceria com grandes players internacionais, estamos testando em mais de 20 cidades hoje esse modelo, que é um modelo de democratização do 5G através de iluminação pública. E um segundo projeto, muito interessante, que é a testagem dentro das empresas, em chão de fábrica, como nós chamamos, para testar, por exemplo, robôs autônomos, para testar realidade aumentada para verificação de erros no processo produtivo, e tudo isso utilizando uma conexão mais rápida, que é o 5G. Nós estamos fazendo testes. O que é melhor? O 5G ou o Wi-Fi industrial? E até agora nós temos chegado à conclusão de que o 5G é melhor que o Wi-Fi industrial e proporciona uma redução de custos e um aumento da produtividade dentro das fábricas.

No primeiro caso que você deu de exemplo, qual a utilidade dos postes? Vão funcionar como antenas, uma infraestrutura já instalada que pode ser usada para o 5G?

A iluminação pública talvez seja um dos caminhos que nós podemos melhor democratizar o uso do 5G no país. A iluminação pública passa a ser não apenas um meio de prover iluminação, mas passa a ser uma plataforma de serviços. A partir da iluminação pública com conexão 5G, nós podemos ter melhoria por exemplo do trânsito, porque você vai ter radares ali, você vai poder ter câmeras vinculadas, melhorando o trânsito, você vai poder também conectar o poste com uma central de controle e comando, provendo melhoria do tráfego, melhoria da segurança pública, e você tem uma série de outros casos de uso, como regiões que precisa tomar cuidado com áreas de encosta em deslizamentos, você pode cuidar dos bueiros, também serem inteligentes, quando tiver algum sensor que pode conectar e dizer que aquele bueiro está cheio, precisa de uma nova limpeza. Então tudo isso passa a vir de uma iluminação pública. Então você te um melhor serviço, uma cidade melhor e, consequentemente, um cidadão mais conectado e também com melhor bem-estar.

No caso da indústria, na sua avaliação, quais são os impactos do 5G na produtividade industrial e tem algum setor da indústria ou setor produtivo em geral que vai se beneficiar mais com o 5G?

Todos os setores da indústria poderão ser beneficiados. O que nós não temos clareza hoje é do impacto. Nós sabemos como o 5G começa, mas nós não sabemos como o 5G termina. Por quê? Porque se trata de uma tecnologia que nós chamamos disruptiva. São tecnologias com múltiplas camadas de inovação. Eu diria que inicialmente nós vamos ter casos cada vez mais recorrentes de uso de realidade aumentada e de realidade virtual. Que pode se dar por varejo ou dentro das fábricas, onde os funcionários das fábricas poderão ter uma conexão cada vez mais rápida e saber exatamente em que ponto do processo produtivo eles têm que intervir, evitando erros, evitando retrabalho e melhorando a performance da indústria. Logo, o 5G vem para diminuir o custo de operação e, consequentemente, aumentar a margem das nossas empresas. Sejam elas empresas industrias, no varejo, ou na agricultura. 

Qual a aplicação na prática do 5G que já podemos vislumbrar?

Inspeção nas fábricas, por exemplo. Que podem ser feitas com os chamados AGVs. São veículos que andam sozinhos, autonomamente, pelas fábricas. Quando nós temos um caso de ethernet, que é o caso de redes conectadas com cabos da fábrica, ele não pode ir em todo lugar. Quando você tem o Wi-Fi industrial, você tem alguns pontos escuros dentro das fábricas. Quando você coloca o 5G, você consegue cobrir toda área, fazendo inspeção do processo produtivo sem perda, e sem pontos escuros. Então você consegue diminuir as perdas. Esse é um caso claro que já está em andamento. Você pode ter também utilização de realidade aumentada para fazer não só a inspeção, mas também definir erros. Então nós temos um caso muito prático, já testado por nós inclusive, que nós reduzimos em mais de 10% os erros, utilizando tecnologia 5G, com essas tecnologias de casos de uso já disponíveis no mercado. Tem casos na agricultura, que pode fazer, por exemplo, colheita com várias máquinas conectadas uma á outra com apenas um operador. Uma máquina operando e as outras conectadas umas às outras por meio de tecnologia 5G. O que uma faz, a outra faz. Se uma para, a outra para. Então são efeitos muito positivos na indústria e na agricultura da tecnologia 5G.

O primeiro grande passo para a implementação do 5G o governo, com o leilão do 5G, a aprovação, a escolha e agora as empresas de telefonia disponibilizando esse 5G, já está sendo dado, está chegando a todos as capitais, deve chegar nos próximos anos nas cidades médias e depois em todo o país. O outro passo será as empresas se adaptarem e implementarem equipamentos e sistemas adaptados ao 5G?

Isso. São duas coisas que são indispensáveis uma à outra. A infraestrutura e o que nós chamamos de casos de uso. Sem a infraestrutura, que o que está sendo providenciado agora pelas operadoras, que foi viabilizado pelo leilão, pela Agência Nacional de Telecomunicações, nós temos os casos de uso. O que são os casos de uso? São as empresas de base tecnológica que utilizam essa infraestrutura para produzir novos negócios, novos produtos e novos modelos de negócios. A mesma coisa que aconteceu no 4G. A conectividade rápida produziu vários aplicativos de celular, que nós não tínhamos antes da tecnologia 4G. Com o 5G é a mesma coisa. A infraestrutura vem primeiro, depois as empresas de tecnologia vêm e fazem novos casos de uso. Nós podemos ter casos de uso na saúde, por exemplo. Um caso que é super comentado é o da telemedicina, mas mais que a telemedicina: a precisão, que é cirurgia remota. Isso pode acontecer. Mas você não desenvolvia isso antes porque você não tinha infraestrutura adequada para isso. Ou, se você tinha desenvolvido, você tinha desenvolvido não com uma tecnologia que viabilizasse, que é o caso do 5G. Então tem casos no veículo autônomo, caso das cirurgias de precisão, outros tantos casos que vão vir agora. São duas coisas, portanto, essenciais: tecnologia e casos de uso, que é todo o ecossistema de inovação se movimentando para fazer valer.

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