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"Enfrentar riqueza dos milionários", diz Altino Júnior sobre candidatura

Candidato do PSTU figura na corrida pelo Palácio dos Bandeirantes; confira a entrevista dele ao SBT News

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Na corrida pelo Palácio dos Bandeirantes, está Altino Júnior. Candidato ao governo paulista pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), ele é formado em Matemática pela Universidade de São Paulo. Além disso, foi presidente do Sindicato dos Metroviários. No metrô, trabalha há 25 anos. Em 2016, disputou a Prefeitura da capital, obtendo menos de 1% dos votos. A vice da chapa é a Professora Flávia, que atua na rede estadual de ensino.

Leia a entrevista na íntegra:

Altino, quais são as suas três principais propostas e as do partido para o governo?
Um dos temas é o dos moradores de rua e das pessoas que estão em lugares em que não têm a garantia da sua terra. Então, nós precisamos garantir primeiro que aqueles que já estejam nos seus territórios, [tenham os territórios] legalizados e haja um processo de urbanização dessas localidades. Vou dar um exemplo: na cidade de Cajamá tem um agrupamento, uma ocupação chamada Queixadas, que hoje está ameaçada de despejo. Essas pessoas vão para onde? Que mal tem salário, mal conseguem trabalhar. Então, hoje, significa que se essas pessoas saem de Cajamá e vão ser moradores de rua em algum lugar. Em Cajamá, na Praça da Sé, como estamos vendo hoje. E também os moradores de rua, que têm famílias inteiras. Ainda mais neste período de frio, o que é desumano, nós precisamos ter uma resposta imediata. Temos que garantir que essas pessoas tenham um local para poder morar. E aqueles que já estão nos seus locais tenham uma garantia do Estado que eles possam ficar onde estão e, mais, um projeto de urbanização. Aqui no centro de São Paulo, tem vários prédios abandonados --- imóveis que não tem utilidade nenhuma a não ser especulação mobiliária. Podia ser uma política adequada, por exemplo, garantir que essas pessoas pudessem morar de forma organizada nesses locais. Então, essa é uma primeira tarefa. O segundo tema é o da fome, que também é urgente. Então tanto esses moradores de rua têm uma insuficiência alimentar no país, mas também no estado de São Paulo, e, principalmente, na Grande São Paulo, que agrupa o maior número de pessoas. Nós precisaríamos garantir, por exemplo, um auxílio para essas pessoas que entedendemos que poderiam ser, pelo menos, até pelo peso que o estado de São Paulo tem, um salário mínimo. E depois, tentando chegar a outros patamares. Mas ao menos garantir um salário mínimo pelo estado de São Paulo. E por que isso? Porque nós somos, considerando o estado de São Paulo, se fosse um país, o valor econômico em 2020 chegou a dizer que a gente seria a vigésima primeira nação, então a gente estaria um pouquinho depois do G20, portanto nós teríamos condições para fazer isso. Mas isso também precisa que a gente pare de sangrar o dinheiro do estado, então a arrecadação do estado hoje parte importante, apesar do superávite do estado, uma parte importante da arrecadação é gasta com a dívida pública e também com terceirizações que acabam minando os recursos do estado de São Paulo.

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Você falou de moradia, de fome. Qual é o mote da campanha? Qual é o principal da campanha? O seu grande recado?
Nossa candidatura veio para enfrentar a riqueza dos grandes milionários. Nós estamos vendo, as pesquisas indicam, várias entidades de organização falam, que os bilionários aumentaram sua riqueza mais na pandemia. Então, é um absurdo completo. A sociedade vai afundando no ponto de vista da economia, porém, os bilionários aumentaram sua riqueza durante a pandemia numa velocidade maior do que antes. E qual o milagre para isso? Significa que aumentou o número de desemprego, o número de subempregados e também o salário das pessoas diminuiu. Então, os trabalhadores, por exemplo, da comunicação, mas todos os trabalhadores de todo o país...você tem a inflação comendo todo o seu salário e, raramente ou muito dificilmente, vê uma recuperação do seu poder aquisitivo. Então, na prática, há um rebaixamento dos trabalhadores em geral, um desemprego, um subemprego. Vão achatando a massa salarial e faz com que pouquíssimos bilionários enriqueçam. Por isso, o nosso mote é enfrentar a riqueza desses bilionários. Como? Taxando a riqueza deles, que é um projeto nacional, mas também expropiando parte dos grandes bilionários que tomam conta do país.

Qual é o maior desafio que você acha que vai ter que enfrentar? 
O maior desafio é porque boa parte da riqueza de São Paulo e do país está a serviço desses mesmos ricaços, dos mesmos bilionários. Então, vemos uma sociedade, o Estado voltado para eles. Vou dar um exemplo: algumas multinacionais se instalaram em São Paulo e depois vão embora. Por trás disso teve vários insentivos fiscais, ou seja, eles deixaram de pagar impostos. E aqui os impostos do Brasil estão de cabeça para baixo, os trabalhadores são os que mais pagam. Até o desempregado paga um imposto proporcional a sua renda, muilto mais que os bilionários. Por que? Porque quando você compra um pacote de arroz, um café, um açúcar, o imposto embutido para o desempregado, para o trabalhador que ganha o Auxílio Emergencial, é alto. E mesmo o trabalhador, a tabela do Imposto de Renda não foi reajustada, então era para pagarmos bem menos impostos. Só que os grandes milionários, parte da exportação, são liberados de impostos ou pagam muito pouco proporcionalmente aos seus salários. Então, eu acho que o maior desafio vai ser enfrentar esses grandes bilionários, porque eles dominam a política, são eles que financiam boa parte dos políticos. O nosso partido PSTU, polo socialista revolucionário, não aceita o financiamento de grandes empresários nem médios empresários porque nós queremos fazer uma campanha para defender os de baixo, os sem teto, os sem terra, os trabalhadores, os desempregados, os subempregados, para enfrentar a riqueza deles. Esse é o nosso principal mote de campanha.

O que é que você vai fazer em caso de vitória assim que assumir o Palácio dos Bandeirantes?
A primeira coisa é, eu até brinquei em outro debate, a primeira preocupação seria o problema do tema da moradia, o problema da fome e o problema do emprego. Eu acho um absurdo existir um Palácio dos Bandeirantes, inclusive o próprio nome do Palácio dos Bandeirantes, porque os bandeirantes foram aqueles que massacraram os indígenas, massacraram os negros, então para mim, [é necessário] começar a limpar parte dessa história. Em segundo, por que que nós temos que estar escondidos lá no Morumbi, num lugar distante? A gente queria ter acesso ao povo, procurariamos mudar o Palácio para um lugar que os trabalhadores tivessem acesso. Mas principalmente a política de atender a emergência que é uma catástofre social, que é exatamente os moradores de rua, a fome, e o desemprego que existem no estado de São Paulo.

O que é possível fazer com pouco tempo de propaganda ou direito no horário eleitoral, no rádio, na TV? 
Na verdade é um pouco mais desigual. Nós não vamos ter tempo de TV, nós vamos ter zero segundos. Isso mostra que essa é uma democracia feita para os ricos, porque, na verdade, vários especialistas no ramo sabem o quanto custa eleger um deputado federal, sabem quanto tempo custa eleger um deputado estadual, mesmo um senador, um governador e até mesmo um presidente. Então, nós estamos falando aqui de milhões e milhões de reais para eleger esses parlamentares. Nós não temos esse dinheiro, nós fazemos arrecadação entre os trabalhadores para poder fazer a nossa campanha, a gente pede contribuição dos trabalhadores para poder justamente divulgar as nossas opiniões. Com isso, a gente tem menos espaço de TV --- no caso, não vamos ter espaço nenhum, a não ser alguns momentos de entrevista, como essa neste momento, mas aquele espaço da propaganda oficial nós não vamos aparecer, e muitas pessoas não vão saber que a gente é candidato e muito menos as nossas ideias. Então, a nossa ideia é usar as redes sociais, inclusive pedimos que as pessoas que querem conhecer um pouco mais as nossas propostas procurem o PSTU nas redes sociais. Nós também estamos no Facebook, no Twitter, no Instagram, nas diversas redes sociais que existem para poder divulgar as nossas propostas. E, principalmente, convocar os nossos trabalhadores, organizar os trabalhadores, a juventude, os sem teto que nos apoiam, os sem terra, para a gente poder opinar e ter a apresentação de uma canditatura que seja socialista, uma candidatura que defenda o trabalhador, que não se alia aos grandes empresários. Nós não somos amigos dos banqueiros, nós não somos amigos de latifundiários, pelo contrário.

Qual é o objetivo da sua candidatura já que é muito difícil ou pouco provável a possibilidade de vitória?
Nas pesquisas, não sei se vocês viram, mas os partidos mais de esquerda, têm alguns agrupamentos --- o PSTU é um deles. Nós temos alguma porcentagem pequena, mas [é de] 2%, 1%. Isso está interessante, porque significa que uma parte da sociedade não concorda com o Bolsonaro ou com o Tarciso que é ligado ao Bolsonaro, não concorda com o Rodrigo Garcia que é o cara do Doria, mas também não concorda com a aliança que o PT fez com o antigo PSDB que era o Alckmin e companhia. Ou mesmo Haddad, que foi prefeito de São Paulo e enfrentou parte da população da juventude. Na época o prefeito era o Haddad e o governador era o Alckmin, que hoje são aliados, mas na época eram concorrentes. Então, a nossa ideia é lançar candidaturas para defender os trabalhadores, a população, a juventude mais pobre. Então, a candidatura serve para poder divulgar essas opiniões, porque não pode ser que apareça como as únicas alternativas os banqueiros ganhando o mesmo dinheiro que ganham, os ricaços, os milionários mantendo a sua vida e aumentando sua riqueza de forma violenta em detrimento da maioria da população. Nós representamos essa maioria da população explorada e com desejo de tirar a riqueza que eles também nos tiraram por meio das diversas empresas, de mecanismo deles, da dívida pública.

Agora, aproveitando essa deixa que você citou outros candidatos, vocês já pensam o que vão fazer em um eventual segundo turno?
No primeiro turno nós resolvemos, o PSTU junto com outros agrupamentos chamado Polo Socialista Revolucionário, apresentar com a cara própria para defender esse projeto alternativo, que a gente chama de um projeto alternativo socialista e revolucionário. No segundo turno, nós não temos acordo com nenhum dos projetos dos que estão na frente, então mesmo Haddad do PT junto com antigo PSDB que é o Alckmin, mesmo o Tarciso que é ligado ao Bolsonaro, ou o Rodrigo Garcia que é ligado ao Doria. Não temos nenhum acordo com o projeto deles, que é manter a situação do jeito que está, manter o que chamamos de status quo, manter os bilionários como estão, manter a riqueza deles. Apesar que na propaganda eleitoral, toda vez que tem eleição, eles dizem que vão acabar com a pobreza, com a miséria e depois passam uma eleição atrás de outra e a situação não muda. No segundo turno, nós vamos discutir nacionalmente o único risco que tem é se pode acabar com as poucas liberdades democráticas desta democracia, que nós achamos que é uma democracia dos ricos. Nós vamos fazer uma avaliação e se houver esses riscos, nós podemos, talvez, estarmos em debate. Nós vamos avaliar mais no segundo turno, talvez um voto, não um voto, não um apoio, não entrar em um possível governo do PT, mas um voto contra um possível fechamento do regime, tentativa de quebrar as liberdades democráticas. Mas isso é uma decisão que ainda vamos debater. O projeto tanto do PT ou o projeto da turma do Bolsonaro, da ultra direita ou do centro, nós não temos acordo político porque justamente quer manter as coisas como estão e nós queremos justamente alterar isso, inverter a história.

Aqueles vinte centavos, não saíram caros? Já devem ter feito essa pergunta para você ou até mesmo você se perguntado.
Primeiro, a pergunta que eu faço é se era correto lutar. Porque, na verdade, a luta pelos 20 centavos era a luta contra o aumento da tarifa. Eu acho que a tarifa é absurdamente cara, na verdade, não deveria nem aumentar, deveria reduzir e, na minha opinião, ir rumo a tarifa zero. Na época, nós fomos o primeiro sindicato do transporte que defendeu não só não aumentar, [mas também] reduzir a tarifa e ir no sentido da tarifa zero. E por que isso? Quem paga a conta? Muitos metroviários falam para mim: quem vai pagar o nosso salário? Eu digo, os bilionários. Porque as pessoas quando se transportam na cidade de São Paulo, acordam cinco da manhã, pegam metro, o metrô em alguns lugares abre 4h45, um pouquinho mais cedo. Quem pega o metrô esse horário são as pessoas que vão trabalhar, e vão trabalhar para quem? Para as grandes empresas. Os estudantes que vão estudar, que vão para as escolas, para as universidades, para as escolas técnicas, eles vão fazer o que? Eles vão estudar para ver se um dia eles conseguem pelo menos trabalhar para essas grandes empresas. Portanto, os maiores beneficiados são essas grandes empresas --- quando as pessoas vão no shopping, vão comprar os produtos dessas grandes empresas. Os maiores beneficiados são os bilionários, eles que deveriam arcar. Deveriam taxar mais esses bilionários e pagar o transporte público. Por isso que a luta contra o aumento dos vinte centavos era mais do que isso, era uma insatisfação naquele momento contra os vinte centavos, mas também uma insatisfação que também depois se demonstrou contra tudo que estava na sociedade. Então, o SUS que é muto ruim, que nos salvou em relação ao tema da pandemia, mas está muito aquém daquilo que é necessário. As pessoas vão nos hospitais, faltam coisas básicas. As pessoas vão nas escolas, as escolas são inadequadas, com um número muito grande de alunos para poucos professores. Então, era uma reclamação dos vinte centavos, mas uma reclamação de toda a sociedade que estava ao contrário, ou seja, a serviço de pouquissimas pessoas em detrimento da maioria. Então, nesse sentido foi justo. Depois, é uma disputa ideológica, cada um querendo disputar exatamente aquilo o que você vai defender. Mas eu acho primeiro, foi justo a luta de 2013, e digo a você, com o aumento do caos social outros 2013's virão. E nós precisamos disputar, porque quando vir esses novos 2013's no Brasil, a gente precisa dizer qual rumo que a gente quer. Porque não pode ser que o rumo seja só substituir um governo, seja ele de esquerda ou de direita, para entrar outro que vai fazer a mesma coisa. Nós queremos na verdade mudar a sociedade, e nós precisamos pergutar discutir isso, e estamos apresentando um alternativa. Nós precisamos tirar a riqueza dos bilionários se quisermos resolver os nossos problemas de fato.

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