"Preocupação zero", diz Tebet sobre risco de convenção do MDB ser judicializada
Senadora criticou líderes do partido e Lula dizendo que foto dos políticos "tem cheiro de naftalina"
A senadora e pré-candidata a presidente da República, Simone Tebet (MDB-MS), afirmou nesta 6ª feira (22.jul) que não está preocupada com risco de judicialização da convenção nacional do Movimento Democrático Brasileiro -- marcada para 27 de julho, em formato virtual --, em que seu nome será oficializado pelo partido para a corrida presidencial. Mais cedo, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) escreveu no Twitter que o evento pode ser judicializado.
"Sem diálogo, sem avaliações realistas, sobre o desempenho da pré-candidatura, sem competitividade nas pesquisas, é insanidade sacrificar o MDB nos Estados. A persistir a obsessão, não restará alternativa se não a judicialização da própria convenção", pontuou na rede social.
Sem diálogo, sem avaliações realistas sobre o desempenho da pré-candidatura, sem competitvidade nas pesquisas é insanidade sacrificar o MDB nos estados. A persistir a obsessão não restará alternativa senão a judicialização da própria convenção.
? Renan Calheiros (@renancalheiros) July 22, 2022
Reagindo ao comentário, Simone Tebet, por sua vez, disse em coletiva de imprensa no diretório municipal do PSDB de São Bernardo do Campo (SP) que é professora de direito público e confia na Justiça do país. "Preocupação zero [com risco de judicialização]", completou.
Em outro momento da coletiva, Tebet falou que não há novidade no fato de um grupo de líderes do MDB de 11 estados, entre eles Renan, declararem apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa pelo Palácio do Planalto já para o primeiro turno, porque os caciques "são sempre os mesmos" e são os que estiveram ao lado dele no passado. Segundo a senadora, "é natural e compreensível" esse apoio. "Desde o início nunca foi negado. O MDB nunca impôs a hegemonia. Nós não temos a unanimidade, nós teremos a unidade do partido na convenção. E repito: cada estado tem a sua particularidade regional e nós vamos respeitar".
Ainda conforme Tebet, sua candidatura "é para valer e está incomodando". "E por estar incomodando, o que a gente viu nos noticiários nos últimos dias é aquela coisa de querer desconstruir. Por que não tentaram lá atrás? Porque não acreditavam que nós iríamos levar até o final". Foto da reunião da última 2ª feira (18.jul) dos líderes com Lula, em suas palavras, "tem cheiro de naftalina". "Ela remete aí a dez anos atrás, aos mesmos erros do passado".
Por outro lado, a parlamentar elogiou o ex-presidente Michel Temer (MDB), que conversou com o presidente nacional do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), para verificar a possibilidade de adiamento de um adiamento da convenção nacional da legenda e de realização do evento em formato presencial. "Michel Temer não faz parte daquela fotografia e nem está tentando levar o MDB para qualquer outra candidatura que não seja do próprio MDB. Isso é importante dizer como estadista que o Temer é. E segundo que ele é um homem honrado que tem palavra. Ele esteve comigo mais de uma vez, foi um dos primeiros a dizer que havia um caminho, que eu representaria renovação que o MDB precisa para se oxigenar", pontuou Tebet.
Críticas a Lula e Bolsonaro
Em determinado momento da coletiva, a presidenciável do Movimento Democrático Brasileiro alfinetou tanto Lula como o presidente Jair Bolsonaro (PL): "Triste o Brasil que tem que fazer a escolha entre a corrupção do Mensalão e do Petrolão do passado, e a corrupção da educação e da saúde do [chamado] orçamento secreto do presente. Não é isso que o brasileiro quer". De acordo com ela, falta no governo "vontade política, ética e coragem" par fazer políticas públicas, e não dinheiro, e sua candidatura vem para mudar isso e "combater retrocessos".
Tebet criticou o atual chefe do Executivo também ao comentar sobre a apresentação, a embaixadores, em que ele voltou a usar informações já desmentidas para lançar dúvidas sobre o sistema eleitoral brasileiro. Tratou-se de, em suas palavras, "uma vergonha nacional, uma vergonha para o mundo, um discurso de derrotado e cometimento de muitos crimes de responsabilidade". Em outro instante, ela chamou o liberalismo defendido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, de "desumano".
Conforme ela, a equipe econômica da sua pré-campanha está trabalhando junto com a da descontinuada pré-campanha do ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB). O tucano, de quem é amiga, teria falado para ela ficar à vontade para conversar com a equipe. Tebet disse desejar implementar um liberalismo diferente do que Guedes defende e que estará junto com Doria na campanha.
Disputa nos estados
Questionada pelo SBT News se o MDB permanece nas negociações, em São Paulo, para indicar o vice na chapa do governador Rodrigo Garcia (PSDB), que é pré-candidato à reeleição, Tebet afirmou que "sim, mas não é uma condição". "Vamos lembrar que a política, quando nós estamos juntos, é uma parceria de duas mãos. É natural que se dispute espaços políticos, ainda mais uma candidatura que a gente acredita pela seriedade do governador Rodrigo, pela experiência e por tudo que ele ainda tem a oferecer como novamente governador de São Paulo nos próximos quatro anos".
Ela acrescentou que "é uma disputa de partidos democráticos". "Mas da mesma forma que o PSDB vai estar conosco independentemente do resultado do Rio Grande do Sul, nós estaremos com Rodrigo Garcia independentemente de quem será o seu vice". No território gaúcho, falou Tebet, 52 prefeitos a dez apoiaram uma coligação entre MDB e PSDB com a possibilidade de o primeiro indicar o vice na chapa do ex-governador Eduardo Leite (PSDB) na disputa pelo Palácio Piratini, e tudo "caminha" para isso.