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Lula: "Mentalidade de quem fez a reforma trabalhista é escravocrata"

Ex-presidente deu palestra no SindiMais, na capital paulista

Na mesma palestra, nesta 5ª feira (12.mai), na qual falou desejar que, em vez de armas, "o trabalhador possa receber livro na sua casa", o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse ter "mentalidade escravocrata" quem fez a reforma trabalhista de 2017.

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"A mentalidade de quem acha que o sindicato não tem que ter força, que o sindicato não tem representatividade. No mundo desenvolvido, em que você tem economia forte, você tem sindicato forte. Você tem em qualquer país do mundo. Seja nos países nórdicos, seja na Europa, seja no Japão", completou. A reforma, feita no governo de Michel Temer (MDB), pôs fim à obrigatoriedade do pagamento do imposto sindical no Brasil.

No discurso desta 5ª, antes de criticá-la, porém, Lula falou acreditar que mudanças na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) são necessárias mesmo em relação a como ela era antes. "Eu, por exemplo, sou daqueles que não defende a CLT tal como ela tava. Ela precisa adaptar, fazer algumas mudanças, para que a gente pudesse adaptar ao atual mercado de trabalho. Mas era importante que tivéssemos o mínimo garantido para que os sindicatos pudessem negociar o máximo. Que os sindicatos pudessem, de acordo com cada categoria, tirar o máximo possível. É assim que no Brasil muitas vezes não fez, porque a nossa estrutura sindical não permitia essa mobilidade", pontuou.

Segundo o petista, "a relação capital e trabalho não pode continuar como está". "O Brasil não será um país civilizado se a gente não tiver a compreensão de que as duas partes precisam ser tratadas em igualdade de condições. O Estado não tem que tomar parte de um lado ou do outro. O Estado tem que funcionar como árbitro para que as partes possam negociar aquilo que interessa ao conjunto tanto dos trabalhadores como do empregador".

Ainda conforme o político, após o início da globalização, na década de 80, os trabalhadores começaram a perder direitos. Lula elogiou o Estado de bem-estar social alcançado, em diferentes países, antes do começo da globalização: "Nós tivemos um período extraordinário em que a revolução industrial foi uma novidade que pegou o mundo de surpresa e foi acontecendo em cada país, em cada instante. Os trabalhadores foram tentando conquistar vírgula por vírgula, palavra por palavra. Até que se criou na União Europeia o Estado de bem-estar social. Foi o máximo que nós alcançamos. Os trabalhadores razoavelmente bem remunerados, com condições resolvidas economicamente".

O ex-presidente afirmou, depois, que os direitos dos empregados no Brasil, como o salário mínimo e o pagamento do adicional de hora extra, foram conquistas da classe. "Não tem nada que foi nos dado de graça. Tudo custou suor e sangue dos trabalhadores". A palestra tinha como tema "O projeto para o Brasil e as relações trabalhistas e sindicais". O presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, e da Força Sindical, Miguel Torres, também participaram. No público, estava o ex-senador Aloizio Mercadante, coordenador do programa de governo de Lula neste ano.

Tanto Patah como Torres disseram que o movimento sindical não quer a volta da contribuição sindical obrigatória. Segundo o primeiro, na realidade, os sindicalistas desejam "construir uma política que dê ao pilar fundamental da democracia, o sindicato, que tem no mundo todo, a possibilidade de viver". Já de acordo com o segundo, em vez de querer o retorno do pagamento, o movimento acredita que o sindicato precisa ser valorizado pelo seu próprio esforço.

Para Torres, na pandemia, "o movimento sindical provou ser relevante, provou ter papel importante na sociedade, porque foi o primeiro da sociedade civil organizada a ter proposta para enfrentamento dessa crise sanitária". Ainda em suas palavras, "não existe país desenvolvido e democrático que não tenha um sindicato como parte do seu alicerce". Assim como Lula, afirmou não haver direito dos trabalhadores que não tenha partido da luta unificada da classe.

Patah, por sua vez, disse também não estar vindo, do atual governo, respostas para questões envolvendo atividades "potencializadas" por causa da pandemia, como o teletrabalho, o home office e o e-commerce. "Independentemente se um governo é de direita, se é de lá ou de cá, cabe a ele e a todos nós o diálogo. O diálogo, ao meu ver, é um dos instrumentos mais poderosos para construir uma nação cidadã", acrescentou.

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