"Nosso eleitor votou em Bolsonaro e a maioria se sente traída", diz Maia
Ex-presidente da Câmara classificou PSDB, seu novo partido, como de centro-direita
Novo filiado ao PSDB e coordenador do programa de governo do presidenciável tucano -- João Doria --, o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia afirmou nesta 6ª feira (1.abr) que, em 2018, os eleitores da sigla votaram no presidente Jair Bolsonaro (PL) e que o partido precisa se apresentar nas eleições deste ano como um "caminho" para esses cidadãos - a maioria, segundo ele, se sentindo "traída" e "decepcionada" por/com aquilo em que apostou no pleito de quatro anos atrás. As declarações foram feitas em evento de oficialização da sua filiação, no diretório paulista psdbista.
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Maia definiu o PSDB como um partido de centro-direita, mas disse que a legenda errou em relação à apresentação do seu posicionamento no espectro político: "Nós historicamente cometemos um erro, olhando hoje, de aceitar no longo prazo essa palavra centro. Centro foi a forma como nós legitimando aqueles que não tem ideia e faz parte de todos os governos. Nós não somos de centro. O sistema é binário. Não tem eleição que não seja assim. Infelizmente o presidente Bolsonaro nos tirou da polarização em 2018. Não há terceira via. Não há centro". De acordo com ele, após o fim do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o PT colocou o PSDB "mais à direita", mas o partido se equivocou ao "não compreender" que precisava assumir a posição na sociedade.
Atualmente, acrescentou, parte dos eleitores do partido pretendem votar no ex-presidente Lula (PT) nas eleições deste ano porque "rejeitam Bolsonaro" e não veem na candidatura de João Doria força para derrotar o atual chefe do Executivo. Já dentre os eleitores do PSDB que votaram em Bolsonaro no pleito de 2018, disse Maia, uma parte pretende fazê-lo novamente por "antipetismo".
Ainda de acordo com o ex-presidente da Câmara, se os tucanos não compreenderem que "existem duas posições no segundo turno [da disputa nacional]" neste ano e que representará "uma das duas", estarão "fadados a mais uma derrota". As pesquisas de intenção de voto para presidente da República vem mostrando Doria atrás de Lula, Bolsonaro e Ciro Gomes (PDT), com menos de 5%.
Maia -- expulso do Democratas (DEM) no ano passado -- afirmou que sempre votou no PSDB e se filia a este para ajudar o presidente nacional da sigla, Bruno Araújo, a reconstruir "um partido que tem as suas ideias claras, que não quer tirar uma casquinha daqui outra dali". "Quem tem lado, tem torcida e tem oposição. É o que nós queremos. Nós não queremos representar aquilo que o PT representa e nós também não queremos representar aquelas ideias que o Bolsonaro implementou, que não foram as ideias prometidas na eleição".
Em ataque ao petista e ao integrante do PL, afirmou que o governo do primeiro garantiu a "manutenção da pobreza", enquanto o do segundo piorou os números nessa área. O PSDB quer, em suas palavras, "garantir mobilidade social".
Também presente no evento no diretório paulista da sigla, Doria se referiu a Maia como "uma figura exemplar ao longo da política brasileira, um lutador". O novo filiado vinha atuando também como secretário de Projetos e Ações Estratégicas no governo tucano em São Paulo. Doria ressaltou que todo seu programa de governo está sendo coordenado por Maia. Nesta tarde, o ex-governador se reúne com a equipe do programa na casa na Avenida Brasil, no Jardim Paulista, bairro nobre da zona oeste de São Paulo.
A partir da semana que vem, o tucano começa a "rodar o Brasil", a partir da Bahia. Em cada local por onde passar, o que farão, em suas palavras, "é ouvir, saber ouvir, ter a humildade de ouvir, interpretar e buscar as soluções que aqueles que vivem nas cidades, no campo, nas regiões sabem quais são". "O que eles precisam é de apoio, eles não precisam de pena".
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