Eleições

Pré-campanhas presidenciais definem estratégias para conquistar votos

Inserções do PT na rede nacional de rádio e TV começaram na última semana e tem Lula como destaque

Visando a aproximar os respectivos políticos do eleitorado e, assim, conquistar votos, as pré-campanhas presidenciais têm utilizado viagens a estados, entrevistas a rádios, plataformas digitais e/ou propagandas partidárias, que haviam sido extintas em 1º de janeiro de 2018, mas estão de volta em 2022. No âmbito nacional, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes, a senadora Simone Tebet (MS) e o deputado federal André Janones (MG) já aparecerem em inserções do PDT, MDB e Avante, respectivamente, no rádio e TV, enquanto o ex-juiz Sergio Moro contou com inserções do Podemos no estado de São Paulo, por exemplo.

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Na 5ª feira (24.mar), começaram a ser veiculadas nacionalmente propagandas do Partido dos Trabalhadores (PT), que tem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como destaque. O PSDB, cujo pré-candidato é o governador de São Paulo, João Doria, fará inserções a partir de 26 de abril, mas não confirma se o tucano aparecerá. O Podemos, por sua vez, começará com propagandas na rede nacional de rádio e TV em 21 de maio. Já o Partido Liberal (PL), do presidente Jair Bolsonaro, em 2 de junho.

O Novo, de Felipe d'Avila, terá propagandas partidárias para todo o país, simultaneamente, a partir de 8 de maio; nelas, aparecerão as mandatárias eleitas, o cientista político e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema. Em São Paulo, porém, o partido já começou a fazer inserções, e d'Avila aparece em uma delas. Ao SBT News, o presidente da sigla, Eduardo Ribeiro, disse que, por ser "muito restritiva nesse período pré-eleitoral", a legislação "infelizmente dificulta muito" os artifícios dos quais o partido dispõe para fazer o presidenciável se tornar conhecido. 

Segundo Rafael Sampaio, pesquisador em comunicação política e professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR), "apesar de a campanha do Bolsonaro [em 2018] ter ficado muito famosa por ter sido vencedora sem o tempo de TV, o mais normal é que isso tenha sido, digamos, fora da curva". "A TV ainda é importante para algum tipo de distribuição de mensagens, ou rádio. Então apesar da importância de redes sociais, de redes móveis, de aplicativos de celular, eu ainda creio que rádio e TV vão ter bastante importância nessa campanha", completou.

Na visão de Sampaio, as campanhas presidenciais deverão "fazer uso de todos os meios", mas com diferentes estratégias entre si. Bolsonaro, com redes sociais "muito fortalecidas", priorizará a internet e apostará, na TV, de forma similar à que fez em 2018, em passar a imagem de um "homem ordinário, uma produção mais simples, por mais que seja um presidente tentando a reeleição". Lula deverá dar atenção a todos de forma igual, porque, avalia o professor, o PT "aprendeu muito" com a derrota no pleito de quatro anos atrás, mas já é uma sigla consolidada e, portanto, não deixará a TV em segundo lugar. "Até porque o Lula em especial tem uma missão de reconstruir a imagem dele, que foi muito debilitada depois da Lava Jato. Querendo ou não, as cenas de TV são muito importantes para isso. Então eu creio que ele não vai resistir. E aí Moro, Ciro, que são campanhas menores que vão ter menos tempo de TV, acho que vão ter que naturalmente investir mais na internet", pontua o especialista.

O doutor em ciência política Robert Bonifácio, professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), faz uma análise similar. De acordo com ele, as campanhas "usarão de todos os meios possíveis, especialmente por conta do fundo eleitoral generoso". "Mas, ao contrário do que pensam muitos, o melhor investimento é a TV. É por esse meio que as pessoas mais se informam sobre política, o que evidenciado por todas as pesquisas de opinião", avalia. Para ele, a televisão, então, é o meio mais efetivo para aproximar os pré-candidatos dos eleitores e conquistar votos, em especial com as inserções de 30 segundos, "porque passam ao longo de todo dia e necessita de pouca atenção do telespectador para passar a mensagem".

Por outro lado, tanto Bonifácio como Sampaio concordam que, no geral, a internet será mais explorada pelas estratégias neste ano do que foi em 2018. A eleição de 2022 será, nas palavras do segundo, "a mais digital de todas, porque os dois principais candidatos [Lula e Bolsonaro] vão usar muito, bem mais do que na última eleição, apesar de o Haddad ter usado muito já".

Primeiro colocado nas pesquisas de intenção de voto, Lula vem dando entrevistas para rádios, mantendo as redes sociais (Facebook, Twitter e Instagram) atualizadas e participando de eventos presenciais com público expressivo em estados. Além disso, divulga vídeos constantemente para seus 401 mil inscritos no YouTube e envia conteúdo para os 52,3 mil do seu canal no Telegram. Bolsonaro também atualiza as redes sociais -- tendo 19,4 milhões de seguidores apenas no Instagram --, e canais no YouTube e no Telegram; uma das marcas do presidente na internet é a live semanal que realiza, desde o início do mandato, para comentar notícias e divulgar medidas do governo.

Ciro Gomes, além de já ter aparecido nas inserções do PDT -- tanto nacionalmente como nos estados --, viajou para o Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Amazonas e Brasília. A assessoria do pedetista acrescenta que ele "está fazendo um intenso trabalho nas redes sociais, com sua live semanal 'Ciro Games', séries de vídeos, como a série sobre a política de preços da Petrobras, que ele lançou no final de 2021 (foi o primeiro a levantar essa bola), e postagens diárias". Entre as iniciativas de vídeo do pedetista, estão o chamado Giro do Ciro, em que fala sobre o dia a dia como político. O ex-ministro deverá lançar ainda um novo canal no YouTube, com lives somando pelo menos três horas por dia e reportagens, e vem dando entrevistas para rádios.

No caso de Sergio Moro, além de atualização das redes e o aparecimento na TV, a estratégia já abrange participação em eventos em estados, o que João Doria, por sua vez, deverá começar a fazer em breve. O governador paulista segue, por enquanto, participando de uma série de entregas em São Paulo e divulgando conteúdo no Facebook, Instagram e Twitter. Simone Tebet e André Janones também têm lançado mão de idas a estados, das redes sociais e do YouTube. A senadora esteve em Belo Horizonte na 2ª feira (22.mar), por exemplo, e o deputado, segundo sua assessoria, "tem viajado pelo país com a Caravana Avante para conhecer projetos de sucesso e a realidade de cada região". "Além disso, conversa com eleitores para ouvir as demandas locais da população. A Caravana conta com um ônibus 'envelopado' com as cores e marcas do partido", completa.

Ainda de acordo com a nota, "a candidatura de André Janones nasceu espontaneamente do povo brasileiro, a partir da proximidade estabelecida entre o deputado e as pessoas em um diálogo direto, aberto e transparente por meio das redes sociais, onde ele tem 13 milhões de seguidores". "Dessa forma, as redes sociais naturalmente continuarão tendo um papel relevante no contato de Janones com o público."

O pré-candidato do Avante espera melhorar seu desempenho nas pesquisas também por meio dos debates eleitorais. Já Felipe d'Avila, do Novo, segundo o presidente do partido, estará em propagandas eleitorais, a partir de agosto, meio utilizado nos pleitos de 2018 e 2020. As redes sociais, segundo ele, são um canal importante para divulgação das candidaturas, "mas estão muito mais saturadas, vamos dizer assim, do que estavam em 2016 e 2018". Todos os partidos vêm divulgando as respectivas pré-candidaturas à Presidência por elas e pelo YouTube - com exceção, neste caso, do Avante. O PT e o Novo ainda enviam conteúdos relacionados a Lula e Felipe d'Avila, respectivamente, em canais próprios no WhatsApp e Telegram.

Eventos presenciais

Segundo o professor Robert Bonifácio, da UFG, "essa coisa de ir aos palanques, de comparecer aos estados, por mais que justamente o digital diminua essa importância, tem toda uma coisa simbólica, com quem fez as alianças". Ele explica que a conquista de votos pelos presidenciáveis dessa forma pode ocorrer, por exemplo, com a identificação do eleitor não com esse político em si, mas no outro com quem ele fez a aliança local.

O Novo, diz Eduardo Ribeiro, terá um encontro estadual em Santa Catarina, no dia 2 de abril, e o 6º nacional, em São Paulo, na mesma data. Ele acrescenta que "a rua também pode ser um fator importante, porque não teve quase em 2020 por causa da pandemia". Inicialmente, d'Avila deverá fazer viagens para se reunir com populares em regiões onde o partido é mais forte, como o sul e o sudeste, para "pegar tração". Posteriormente, com isso, outros locais serão visitados. No mês passado, apresentou ideias suas a líderes empresariais, como Moro e Tebet.

Internet e propaganda eleitoral

Bonifácio afirma que, antes de 2018, quatro grandes fatores explicavam o resultado de uma eleição presidencial: orçamento, palanques, tempo de TV e se a o político estava disputando reeleição. E, há quatro anos, a internet "chegou de vez ao Brasil como um fator determinante". Porém, acrescenta, "talvez esteja um pouco cedo 'matar' a TV, porque o Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral [HGPE] a gente sabe que apesar dele não ter uma audiência tão grande ele acaba repercutindo, sim, de maneira na população". "Porque algumas pessoas assistem e aí comentam, e querendo ou não material que é feito para o HGPE ele é, claro, depois recortado e distribuído pelas redes digitais. Então é mais ou menos o mesmo material só que distribuído de outra forma".

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