Nos EUA, Eduardo Leite tem agenda de presidenciável
Governador evita confirmar ida para o PSD, mas movimentos são de campanha; ele volta ao Brasil na 3ª
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), desconversou, mas não descartou a possibilidade de seguir para o PSD para ser o candidato à Presidência da República pelo partido ao ser questionado sobre o assunto nesta 5ª feira (10.mar). O anúncio oficial do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de que não irá concorrer no pleito de outubro aumenta a pressão sobre Leite, mas, para o governador, a decisão "é uma colcha de retalhos com várias pontas para amarrar".
Leite foi questionado pela enviada especial do SBT aos EUA, Gabriela Lerina, sobre a mudança de partido e disse apenas que seu celular não parava. Ele ainda usou o trecho da música de Jair Rodrigues para ilustrar sua situação atual: "Deixa que pensem, que digam, que falem" e reafirmou que não tem uma data para decidir sobre a saída do PSDB depois de quase 20 anos na sigla. Interlocutores do governador, que estão na viagem com ele, dizem que a decisão não é simples e que mesmo fora do Brasil, Eduardo Leite segue conversando com lideranças de vários partidos e também com empresários. Se a mudança for confirmada o governador do Rio Grande do Sul irá iniciar uma nova etapa da carreira política e repaginar a história dele que foi toda construída na social democracia.
Apesar de desconversar, a desenvoltura de Eduardo Leite nos Estados Unidos já é de um presidenciável. Entre os compromissos, o governador visitou a sede da Amazon, a gigante do e-commerce no mundo, em Washigton, na quarta-feira. E por onde passa, na conversa com investidores e empresários, fala do Brasil. E no momento que o país discute alternativas para a geração de empregos, lá nos Estados Unidos, o governador gaúcho anunciou uma parceria com a Amazon para formar jovens como programadores, ou seja, a pauta escolhida por Leite não é mera coincidência diante das urgências do Brasil.
Dentro do PSD, a avaliação é a de que, agora, o presidente da legenda, Gilberto Kassab, poderá intensificar as negociações para que Leite mude de sigla e seja o nome do partido para disputar a Presidência da República porque a grande maioria dos integrantes da sigla quer uma candidatura própria. Integrantes afirmavam que uma ofensiva maior só poderia ser feita com a decisão oficial de Pacheco de não concorrer para evitar um mal-estar. O presidente do Senado, inclusive, se reuniu com seus colegas de sigla para avisar da sua decisão. Como mostrou o SBT News no mês passado, entre os tucanos que apoiaram o gaúcho nas prévias do PSDB, o clima era de "expectativa, estresse e pouca informação" sobre a movimentação do governador em relação ao PSD, como descreveu um interlocutor próximo a Leite.
Kassab declarou nesta 5ª feira que tem "convicção de que ainda teremos o privilégio de tê-lo presidindo o Brasil" ao falar sobre a decisão de Pacheco. "Tem a admiração de todos no PSD, que celebraram sua filiação ao partido e que, em novembro do ano passado, o convidaram por aclamação para ser nosso candidato a presidente nestas eleições. Ele entendeu não ser este o momento adequado. Assim é a democracia e o partido tem total respeito por sua decisão", ressaltou em nota enviada à imprensa.