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Inflação de serviços preocupa BC "um pouco mais", diz Campos Neto

Presidente do Banco Central afirma que queda da taxa está lenta

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta 5ª feira (10.ago) que a autoridade monetária se preocupa "um pouco mais" com a inflação do setor de serviços. Ele falava sobre a convergência da inflação às metas quando citou o setor como mais preocupante.

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"Quando a gente olha os segmentos de inflação, no caso do Brasil, o que preocupa hoje um pouco mais é a inflação de serviços, que tem caído, mas muito lentamente. Ela preocupa especialmente quando afeta a inflação de salários. A gente não tem visto isso ainda", disse o presidente do BC.

Campos Neto fez uma apresentação de aproximadamente 30 minutos aos senadores acerca do regime de metas de inflação, da autonomia do BC, da inflação no Brasil, da taxa de juros, política fiscal, política monetária e reservas internacionais.

Na fala, o chefe da autoridade monetária disse que o Brasil, quando comparado a outros países, conseguiu abaixar a inflação com custo pequeno de crescimento e emprego.

"A mensagem é que o Banco Central fez um bom trabalho em termos de pouso suave. O que é o pouso suave? É trazer a inflação para baixo com o mínimo de custo possível. Então, se a gente comparar o que caiu a inflação no Brasil proporcional ao que gerou ou ao que aconteceu no emprego e ao que aconteceu com o crescimento econômico, a gente tem dificuldade de achar um outro país do mundo que tenha conseguido cair a inflação nessa mesma proporção, quase sem alteração no crescimento e com geração de emprego no mesmo período".

Campos Neto completou dizendo que "quando eu tomo uma decisão de política monetária hoje, ela leva de 12 a 18 meses para fazer efeito. Então, eu não consigo tomar uma decisão de política monetária olhando a inflação corrente. Eu tenho que olhar qual é a expectativa de inflação à frente porque a inflação corrente, a decisão que eu tomo hoje não influi em nada a inflação de curto prazo".

Se baixar juros sem credibilidade, crédito cai, diz Campos Neto

"Nem sempre que você promove uma queda de Selic, você melhora a situação de crédito. Se eu cair a Selic sem credibilidade, o que acontece é que o crédito não aumenta, ele cai. Então, a gente consegue ver aqui, nesse intervalo entre 2011, 2012, 2013 e 2014, que eu caio a Selic, ou seja, a linha azul cai, mas olha o que acontece com o crédito: ele cai sem parar até 2015", disse o presidente do BC.

"Então, o importante não é a queda da Selic em si, é fazer um processo de queda da Selic com credibilidade. Um outro tema rapidamente é mostrar que o crédito na economia não gira na Selic. Se a gente somar aqui CDI mais Selic, a gente vê que dá 12%, 13%. A gente tem 58,7% do crédito que gira em taxas de juros futuras, na prefixada. Então, eu preciso de ter credibilidade, para que as taxas de juros futuras, que eu não controlo, acreditem que a gente vai ter uma taxa de juros mais baixa à frente", detalhou Campos Neto.

Antes da fala de Campos Neto, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), elogiou o BC por cortar meio ponto percentual da taxa básica de juros na última semana. O Copom (Comitê de Política Monetária) cortou para 13,25% p.p. ao ano. Sinalizou ainda a intenção de novas reduções nas próximas reuniões.

"A queda da Selic era um clamor da sociedade, porque uma taxa mais alta impulsiona, ou melhor, prejudica a geração de empregos e o crescimento da economia, e uma taxa mais baixa, ao contrário, impulsiona a geração de empregos e o crescimento da economia brasileira. A decisão por reduzir a taxa de juros, demonstrando técnica e sensibilidade social do Banco Central, considerou o momento que o Brasil está passando", disse Pacheco.

A ata do Copom sugere que as reduções nas próximas reuniões serão mantidas em 0,5 ponto percentual e descarta uma elevação maior, como 0,75% p.p. defendida por setores do governo e dos empresários.

O resultado apertado de votos, que permitiu a primeira baixa da Selic em três anos, também teve explicação. 

Cinco votos, inclusive o do presidente do BC, optaram por 0,5 p.p. Esse grupo enfatizou alguns desenvolvimentos desde a última reunião, como a dinâmica recente de inflação mais benigna do que era esperado, a reancoragem parcial relativamente célere após a definição da meta pelo CMN e a adequação de recalibrar a taxa de juros real em função dos movimentos nas expectativas de inflação.

A próxima reunião do Copom será nos dias 19 e 20 de setembro de 2023.

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