Talíria pede minuto de silêncio na CPI do MST e Éder Mauro ataca: "bandido"
Bate-bocas marcaram terceira reunião da comissão; Tenente-Coronel Zucco negou minuto de silêncio
Bate-bocas entre parlamentares marcaram mais uma reunião da CPI do MST, da Câmara dos Deputados. Na tarde desta 4ª feira (24.mai), um deles ocorreu após a deputada federal Talíria Petrone (Psol-RJ) pedir um minuto de silêncio em memória das vítimas no campo, em especial as do massacre de Pau D'Arco (PA) - que completa seis anos hoje.
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O deputado Delegado Éder Mauro (PL-PA) não concordou com o pedido: "Se derem um minuto de silêncio, eu vou ficar falando". "O que aconteceu em Pau D'Arco eu já estava como parlamentar. Pau D'Arco simplesmente era uma área de uma fazenda onde outra pessoa queria comprar a terra do fazendeiro e o fazendeiro não queria", afirmou.
Sâmia Bomfim (Psol-SP) interveio: "O senhor está justificando o assassinato". Talíria também, na sequência: "O senhor está defendendo o assassinato de dez pessoas?". Éder Mauro continuou falando sobre o episódio e, com Sâmia e Talíria rebatendo o que ele estava dizendo, o parlamentar pontuou exaltado: "Nunca que eu vou dar um minuto para bandido". Ainda em suas palavras, "bandido vai para a cadeira ou para debaixo da terra".
Pouco depois, como forma de homenagem, uma pessoa presente na sessão citou os nomes das vítimas do massacre, e outras gritaram "presente" para cada um deles. A cada nome citado, Éder Mauro gritava: "Bandido".
O presidente da CPI, Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS), não atendeu ao pedido de Talíria pela homenagem. O deputado Valmir Assunção (PT-BA) criticou a atitude: "Nós estamos encerrando a sessão com um vexame nacional. O que a deputada fez foi solicitar desta comissão um minuto de silêncio a dez sem-terra companheiros que foram assassinados".
Talíria disse que Zucco não tinha coragem "de dizer no microfone que não vai fazer" a homenagem, porque Zucco demorou para comunicar a decisão. Depois, ele justificou o fato de não ter atendido ao pedido da deputado dizendo que seria uma forma de respeitar a própria solicitação, pois Éder Mauro havia afirmado que permaneceria falando se o minuto de silêncio fosse concedido.
Ainda na sessão, após o bate-boca e a justificativa de Zucco, Sâmia apresentou questão de ordem, para relembrar que, me dezembro de 2017, foi instalada uma comissão externa de deputados detinada a apurar a chacina de Pau D'Arco.
Segundo ela, Éder fazia parte e, no relatório final da comissão, assinado por ele, é falado ter se tratado de uma chacina. Zucco, porém, disse que a questão de ordem não estava coerente com o pedido e, por isso, a indeferiu. Além disso, cortou o microfone da deputada, porque ela continuou lendo o relatório. Éder Mauro afirmou que havia discordado do relatório da comissão na época.
Outro bate-boca
Em determinado momento da reunião desta 4ª, o deputado Abilio Brunini (PL-MT) apresentou questão de ordem, porque, de acordo com ele, se um deputado se diz integrante do MST, "é parte investigada da CPI e, por isso, não pode ser membro da comissão".
"Você quer me investigar?", questionou Valmir Assunção, militante do movimento. Um parlamentar então, que não é possível ver pela transmissão da Câmara, pergunta: "Vai investigar o que, rapaz?". Na sequência, o mesmo deputado fala "venha investigar, rapaz" e indaga: "você tem medo de que?".
Interrupções
Marcon (PT-RS) interormpeu uma fala de Éder Mauro. O deputado do PL afirmou que o "MST é um grupo formado pela esquerda comunista". "Senhor presidente, até que horas nós vamos sentir um... cara que não tem controle da fala, não dá para ser assim, senhor presidente", disse Marcon. Éder Mauro havia usado um palavrão no discurso.
Depois, o delegado foi interrompido por Valmir Assunção. "Parlamentar que tem a esposa do Zé Rainha, que foi simplesmente indiciada por formação de quadrilha, que é a esposa de Zé Rainha que utiliza, sim, de arma de fogo, para invadir casa dos outros e imóveis dos outros lá na zona rural, e que tem dentro do seu gabinete uma pessoa como essa", falou Éder Mauro.
"Presidente, é isso que é insuportável. Mas é justamente isso que a gente não concorda. Nós não podemos admitir isso nessa comissão, não, presidente", disse Valmir.