Com Pacheco, PSD tenta sair do papel de partido coadjuvante
Aliados veem presidente do Senado como bom nome; especialista crê que terá tempo para se consolidar
Na corrida para as eleições de 2022, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, anunciou filiação ao PSD, sigla de Gilberto Kassab. Mineiro e visto por aliados como uma figura agregadora, Pacheco evitava se colocar como pré-candidato à presidência. Mas o senador procurou espaço para engrenar como um possível representante da terceira via, tirar o partido do papel de coadjuvante e chegar ao Palácio do Planalto. Dirigentes da legenda já traçam um paralelo entre o parlamentar e o ex-presidente Juscelino Kubitschek. Não à toa, o evento de filiação ocorrerá no Memorial JK, em Brasília, nesta semana.
No novo partido, a ideia é que Pacheco inicie uma série de viagens pelo Brasil. Neste sábado (23.out), o presidente do Senado participou de um evento nacional do PSD no Rio de Janeiro, ao lado de Kassab e do prefeito da cidade, Eduardo Paes. No encontro, ele foi anunciado como candidato da sigla ao Executivo.
Apesar de não ser conhecido nacionalmente, na avaliação dos futuros correligionários, o senador pode se tornar competitivo por dialogar bem com políticos de todos os espectros e defender a agenda econômica. Além disso, o presidente do Senado apresenta baixos níveis de rejeição, ao contrário do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que tenta reeleição, e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Com a mudança na sigla, Pacheco passa a integrar a segunda maior bancada do Senado. Para o cientista político Creomar de Souza, professor da Fundação Dom Cabral e fundador da consultoria política Dharma, agora o mineiro terá mais espaço para construir sua imagem como um presidenciável. Isso porque, no União Brasil - novo partido fruto da fusão do DEM com o PSL -, há muitas lideranças que vislumbram o pleito, como o ex-ministro Henrique Mandetta e o apresentador José Luiz Datena.
"Pacheco entra em 2022 sem a necessidade de ser candidato, porque ainda tem mandato, mas com possibilidade de se colocar como pré-candidato em uma legenda que apoia esse sonho", explicou o docente. Mesmo com pouca intenção de votos, segundo pesquisas de opinião, o senador ainda terá tempo de se consolidar na disputa, na avaliação de Souza. Mas terá que buscar uma espécie de "mensagem" para conquistar os eleitores. "Para qualquer candidato de terceira via, os votos são consequências diretas da 'mensagem'. O equívoco é buscar pessoas com votos, antes de encontrar essa mensagem", completou.
O parlamentar também contará com palanque nos estados. No ano passado, o PSD foi o terceiro partido a eleger o maior número de prefeitos, com 654, atrás apenas do MDB, que venceu em 784 cidades, e do PP, que conquistou 685 prefeituras. Há, ainda, outro diferencial, segundo futuros colegas: Pacheco é de Minas Gerais, um dos maiores colégios eleitorais do país. Por isso, é cogitada também a construção de uma chapa, na qual o senador poderia ser lançado como vice-presidente.
No rol de pré-candidatos de Centro, o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro irá se filiar ao Podemos em novembro e se colocará como outro candidato alheio à polarização. A cerimônia está marcada para o próximo dia 10, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. Assim como Pacheco, seu nome tem sido lembrado na corrida presidencial, mas Moro evita assumir esse posto, pois também avalia uma candidatura ao Senado Federal, de acordo com aliados. No evento de ingresso à sigla, a expectativa é de que Moro defenda o legado da Operação Lava-Jato e mantenha um discurso anticorrupção.