Senadores e ministro da CGU discutem e sessão da CPI é encerrada
Wagner Rosário foi acusado de machismo contra Simone Tebet; ele passou de testemunha a investigado
Acusado de machismo e de não responder a questionamentos de senadores, o ministro da Controladoria-Geral da União, Wagner Rosário, teve o depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia encerrado na tarde desta 3ª feira (21.set). Rosário e congressistas discutiram por mais de cinco minutos. A sessão chegou a ser pausada para conter os ânimos da comissão. Na volta, o presidente do colegiado, Omar Aziz (PSD-AM), encerrou os trabalhos e anunciou que o ministro passaria de testemunha a investigado pela comissão.
A confusão começou quando o ministro sugeriu que a senadora Simone Tebet (MDB-MS) "lesse de novo" todo questionamento feito por ela, por considerar que a senadora havia afirmado "uma série de inverdades".
Tebet rebateu afirmando que Rosário não poderia fazer pedido pelo fato de ela ser senadora da República. "O ministro pode dizer que eu disse inverdades, mas não pode dizer que eu devo ler de novo". A senadora também criticou o comportamento do ministro ao longo do dia na CPI: "Está se comportando como um menino mimado".
Em resposta à senadora, Wagner Rosário afirmou que a senadora estava "totalmente descontrolada". A declaração do ministro foi logo repreendida pelos senadores por ser considerada machista contra mulheres.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da Comissão, foi enfático sobre a fala de Rosário: "Alto lá. chamar senadora da República de descontrolada? Machista", disse.
Vidas Secas
Mais cedo, um outro embate ocorreu entre o ministro e o senador Renan Calheiros (MDB-AL). Na ocasião, Renan criticou o ministro da CGU, comparando-o ao personagem Fabiano, do livro Vidas Secas, de Graciliano Ramos. "Com todo respeito, presidente, o depoimento que estamos vendo hoje me lembra um personagem saído da imaginação de um alagoano. O Fabiano, de Vidas Secas, do grande Graciliano Ramos", declarou.
Na obra literária, Fabiano é um homem rude, de difícil comunicação e que não frequentou a escola. O comentário recebeu intervenção do próprio ministro: "Quando abro a boca, eu sou advertido por falta de respeito. Agora ele quer fazer comparação, quer me colocar em uma situação vexatória. O senhor tem que respeitar. Isso não é papel do relator".