Integrantes do "gabinete paralelo" entraram 58 vezes no Planalto
Dados de 2020 e 2021 foram enviados à CPI, mas estão subnotificados em relação a agendas oficiais
Integrantes do suposto "gabinete paralelo", que assessoria o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre a pandemia à margem de evidências científicas, entraram ao menos 58 vezes no Palácio do Planalto, entre 2020 e 2021, para reuniões com integrantes do governo federal. A Casa Civil enviou uma planilha à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) com dados registrados pela catraca de entrada do Planalto.
No entanto, as informações compartilhadas pelo governo federal não coincidem com as das agendas oficias de autoridades. O número é inferior ao contabilizado. O deputado Osmar Terra (MDB-RS), por exemplo, se reuniu com o presidente 17 vezes, em um ano. Nos dados enviados à comissão, contudo, só revelam a presença do parlamentar uma única vez: em 23 de junho, sem registro de horário.
As médicas Nise Yamaguchi e Mayra Pinheiro, secretária de Gestão e Trabalho do Ministério da Saúde, foram as que mais entraram no Palácio do Planalto, de acordo com o sistema interno da Casa: 21 vezes. A oncologista se reuniu duas vezes com Bolsonaro -a primeira vez, em 9 de abril de 2020 e, a segunda, em 21 de maio do mesmo ano. No primeiro encontro, ela ficou oito horas no local -das 12h às 20h. Já no segundo, chegou às 11h57, mas não registrou sua saída.
Já a servidora Mayra Pinheiro, conhecida como "capitã cloroquina", esteve com Bolsonaro em 16 de abril, em uma reunião pela manhã. Outros sete encontros ocorrem na Casa Civil, sendo um com o próprio ministro, Walter Souza Braga Netto, em 30 de abril do ano passado.
O empresário Carlos Wizard, interrogado nesta 4ª feira (30.jun) pela comissão, entrou 12 vezes no Planalto. Aos senadores, negou que tenha se reunido com Bolsonaro, mas esteve no gabinete presidencial em 2 de julho do ano passado. De acordo com os dados entregues ao colegiado, o empresário foi se encontrar com o sargento Daniel de Oliveira Chagas, assistente de Bolsonaro.
Assim como os outros membros, Wizard também visitou o ministro da Casa Civil, Walter Souza Braga Netto. Não houve registro de saída, mas ele entrou no Planalto às 10h56, de 2 de junho do ano passado. O médico anestesista Luciano Azevedo, segundo sistema interno, foi três vezes ao Planalto: uma no gabinete pessoal do presidente Jair Bolsonaro e outras duas vezes com o ex-assessor da Presidência Arthur Weintraub, investigado na CPI.
O gabinete paralelo é investigado pela comissão porque, segundo os senadores, incentivaria Bolsonaro a tomar decisõe em relação à pandemia sem embasamento científicos. O SBT News pediu explicações à assessoria de imprensa da Presidência. Mas, até a última atualização desta reportagem, não recebeu resposta. O espaço continua aberto.
