Cúpula da CPI quer avançar em investigação sobre gabinete paralelo
Senadores dizem que tese já está provada, mas comissão ouvirá supostos integrantes
A cúpula da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia quer avançar na investigação sobre o suposto gabinete paralelo do Palácio do Planalto. Na avaliação dos senadores, o grupo era responsável por direcionar o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), sobre medidas de enfrentamento à crise sanitária que não obedeciam evidências científicas.
Entre os integrantes do "ministério paralelo" estariam, segundo parlamentares, o ex-assessor da Presidência Arthur Weintraub e o deputado Osmar Terra (MDB-RS). Nesta 6ª feira (4.jun), o portal Metrópoles divulgou vídeos que mostram o grupo orientando Bolsonaro a ter cuidado com a aquisição de vacinas contra a covid-19. Além de Weintraub e de Terra, aparecem também nas imagens o virologista Paulo Zanoto e a médica Nise Yamaguchi.
"No contexto da vacina, a gente tem que tomar extremo cuidado", disse Zanoto ao presidente da República. O vídeo, de acordo com a reportagem, é de 8 de setembro de 2020. Interrogada pela CPI nesta semana, Nise negou a existência de um "ministério paralelo" e defendeu o uso de cloroquina no tratamento para o coronavírus. O medicamento, no entanto, não tem eficácia comprovada para a covid-19
Para o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), "o vídeo que vazou confirma a tese do gabinete paralelo e explica porque o ministro [Eduardo] Pazzuello dizia que a vacinação iniciaria no dia D, na hora H. Ele esperava as determinações do 'shadow gabinet', o gabinete da morte".
O vice-presidente do colegiado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que a comissão já investigava a existência do gabinete paralelo e informou que Terra e Zanoto serão convocados para ir à CPI.