CPMI do 8/1: Torres recebe apoio da oposição e estocada de governistas
Ex-ministro sugeriu responsabilidade da PMDF nos atos golpistas e foi festejado por tropa bolsonarista
Em mais um dia movimentado na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos de 8 de janeiro, o colegiado ouviu depoimento de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Os trabalhos da comissão retornam nesta 5ª (10.ago), com a presença de Walter Delgatti Neto, o hacker da Vaza Jato.
Assista ao depoimento de Anderson Torres à CPMI do 8/1:
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Bate-boca e suposto cuspe
Defendido e festejado pela tropa bolsonarista do Congresso Nacional, Torres chegou a ser chamado de "herói nacional" por Marco Feliciano (PL-SP). Num dos momentos mais quentes da CPMI, o deputado bateu boca com a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) e ainda acusou o senador Rogério Carvalho (PT-SE) de ter cuspido nele.
O presidente da comissão, deputado Arthur Maia (União Brasil-BA), pediu à secretaria da comissão que seja feita perícia nas imagens da sessão.
Baixo efetivo: responsabilidade da PMDF
Por outro lado, Torres recebeu estocadas de governistas durante a oitiva. Usando tornozeleira eletrônica durante o depoimento, o ex-ministro disse que viajou "tranquilo" aos Estados Unidos, em 6 de janeiro, porque não tinha informações sobre possíveis atos radicais em Brasília.
Após voltar de viagem, ele teve prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em maio, foi solto por determinação do próprio Moraes e ordenado a cumprir medidas cautelares.
Torres atribuiu o baixo efetivo de policiais no 8 de janeiro à Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Também disse que, se o Protocolo de Ações Integradas (PAI), assinado por ele, tivesse sido cumprido, as invasões às sedes dos Três Poderes poderiam ter sido evitadas.
Jandira Feghali (PCdoB-RJ) questionou Torres sobre alertas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) -- revelados pela CPMI. Em depoimento no início do mês, o ex-diretor da agência Saulo Cunha afirmou que a Abin fez 33 alertas de riscos dos atos entre 2 a 8 de janeiro.
"O senhor agora está dizendo que não chegou, mas os dados que nós temos é que antes da sua viagem, todos os dados lhe chegaram. O senhor disse que não viajaria se soubesse, e o senhor viajou", disse a deputada.
Minuta de golpe
Perguntado sobre a minuta de golpe de estado encontrada em sua casa durante operação da Polícia Federal (PF), Torres classificou o documento como "aberração jurídica" e disse que ele só não foi descartado por "descuido".
"Basta uma breve leitura para que se perceba ser imprestável para qualquer fim, uma verdadeira aberração jurídica. Este papel não foi para o lixo, por mero descuido. Não sei quem entregou este documento apócrifo e desconheço as circunstâncias em que foi produzido. Sequer cogitei encaminhar ou mostrar para alguém", afirmou.
Após relativizar a importância do documento, ele foi rebatido pela relatora da CPMI, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA). Ela disse que, quando encontrada, a minuta estava guardada em um armário, com itens pessoais e fotos de família. "Não parecia material de descarte conforme o senhor disse", apontou.
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