"Se político distribuir cesta básica é crime, como pode PEC dos Benefícios?"
Questionamento é do deputado Marcelo Ramos (PSD-AM), ex-vice-presidente da Câmara
O deputado federal Marcelo Ramos (PSD-AM) afirmou nesta 3ª feira (12.jul) que a fome sofrida pela população não autoriza político a driblar a lei eleitoral e distribuir alimentos e disse que o mesmo entendimento deveria valer para a PEC dos Benefícios.
"Se eu sair daqui, encontrar alguém com fome no meu Estado e entregar uma cesta básica, eu estou cometendo um crime eleitoral, que vai me tornar inelegível. Como é que gera inelegibilidade eu entregar uma cesta básica para quem tem fome, mas eu posso usar o discurso da fome para autorizar a concessão de bilhões de reais em benefícios para tentar influenciar no resultado eleitoral. Então me parece que essa PEC tem que ser avaliada com muito cuidado", disse em entrevista à jornalista Roseann Kennedy, no programa Poder Expresso, no SBT News.
Ramos falou sobre a dificuldade de articulação governista para aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que cria e amplia benefícios sociais em ano eleitoral, como o Auxílio Brasil de R$ 600 e lembrou que se a aprovação não ocorrer até esta 4ª feira (13.jul) o tema ficará para agosto, tornando a votação ainda mais difícil porque os parlamentares estarão em suas bases.
Ramos também criticou a liderança do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e disse que sua força está relacionada à distribuição das emendas de relator que ficaram conhecidas como 'orçamento secreto'. "É uma liderança rastreada na capacidade que ele tem de distribuir as emendas de RP9. Com a vedação eleitoral desde 2 de julho, obviamente que fragiliza a capacidade de pressão dele sob o conjunto de deputados e deputadas", pontuou. Ramos disse ser favorável às emendas de relator, mas cobrou mais transparência nos critérios de distribuição.
Marcelo Ramos é opositor do governo Bolsonaro e tem Lira como um dos seus desafetos políticos. Ele era vice-presidente da Câmara, mas em março, depois de trocar o PR pelo PSD foi destituído do cargo.
Confira a íntegra da entrevista: