Política

Sem mortes de crianças por vacina, Queiroga diz que é preciso vigilância

Saúde investigou 38 óbitos na faixa de 5 a 18 anos, mas descartou relação com efeitos dos imunizantes

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Nenhuma criança ou adolescente morreu em decorrência de efeitos adversos da vacina contra a covid, informou o último boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde na 3ªfeira (26.abr).  A análise dos casos foi feita com base no sistema de informação e-SUS Notifica, e excluiu o estado de São Paulo, que usa outro sistema de dados. De acordo com a pasta, em 10 meses de vacinação da faixa etária de 5 a 18 anos,  3.463 casos de eventos adversos pós-vacinação (EAPV) foram identificados. Desses, 38 com desfecho em óbito.

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Investigações realizadas pelo Ministério da Saúde, no entanto, apontaram que nenhum deles têm relação direta com a vacina. Seguindo a classificação de causalidade da Organização Mundial da Saúde (OMS), a pasta classificou 23 dos óbitos como eventos coincidentes ou inconsistentes. Outros 13 foram encerrados como inclassificáveis pela ausência de dados na investigação. Dois óbitos apresentam dados da investigação conflitantes para estabelecer relação causal, sendo um destes por miocardite após a vacina Pfizer/Wyeth. O início dos sintomas ocorreu com mais de 14 dias após a vacinação. 

Ao comentar o dado ao SBT News, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, ressaltou que é necessário vigilância para que se detecte esses eventos, "que podem acontecer em qualquer faixa etária", até mesmo para que as vacinas sejam aprimoradas. 

A declaração foi dada nesta 5ªfeira (28.abr), durante sua visita à sede do SBT, em Osasco, São Paulo. À repórter Flavia Travassos, Queiroga também comentou sobre o fim da situação de emergência pública de importância nacional no Brasil, o uso da telessaúde como forma de levar acesso à saúde para todos, e se o presidente Jair Bolsonaro tomou ou não a vacina contra covid-19.


Confira a entrevista na íntegra:

Como senhor avalia a atual situação do Brasil em relação a pandemia de covid-19?

A situação epidemiológica do Brasil hoje é uma situação bem mais confortável do que a cerca de um ano atrás, quando tivemos um pico da chamada variante gama. Tal sorte, que o Ministério da Saúde, através de uma decisão minha, encerrou a situação de emergência de saúde pública de importância nacional no Brasil, chamada ESPIN, isso se deve as políticas públicas que foram colocadas em prática pelo governo federal que culminaram com a redução de casos, com a redução de internações hospitalares e de óbitos.

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A gente sabe que Estados Unidos e União Europeia falaram que a situação da pandemia por lá é transitória. A China, por exemplo, começou a registrar novos casos, novos surtos. O senhor, em algum momento, pensou que se precipitou nesse fim da emergência da pandemia?

Essa decisão nossa, ela foi divulgada no domingo de Páscoa e foi publicada na 6ªfeira (15.abr). No sábado (16.abr) já estava marcado Carnaval no Rio de Janeiro, São Paulo, e em outros cidades do Brasil, e das das decisões que o Ministério tomou, sempre foram baseadas em critérios técnicos, então não há precipitação nenhuma, há sim políticas públicas efetivas que resultaram em um dos maiores programas de vacinação no mundo, no fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) - da atenção primária de saúde até a atenção especializada - e na vigilância em saúde, então são essas condições que fizeram que tomássemos essa decisão. Nós não acabamos com pandemia, nem transformamos pandemia em endemia. Apenas, nós, através de um documento, nós ratificamos o que já havia no Brasil. 


O próprio Ministério da Saúde divulgou um boletim mostrando que nenhuma criança com mais de 5 anos morreu em decorrência da vacina contra covid. Depois disso, o Ministério da Saúde pretende incentivar mais a vacinação desse público? Por enquanto ministro, apenas 25% das crianças foram vacinadas aqui no país.

A campanha de vacinação no Brasil é um sucesso absoluto, é um dos programas que tem reconhecimento mundial e o Governo Federal adquiriu doses não só para as crianças de 5 a 12 anos, mas também para os adolescentes e para a população em geral. Mais de 475 milhões de doses de vacina já foram distribuídas. Essa questão dos eventos adversos, eles podem acontecer em qualquer faixa etária, é necessário vigilância para que se detecte esses eventos e se pesquise, até para fazer com que essas vacinas sejam aprimoradas, e não há quem incentive mais a vacinação do que eu. Eu sou um dos ministros do mundo que mais vacina e distribuiu para a população. Lembra que a iniciativa Act Accelarator, da OMS, o braço Covax Facility, planejou, em 2021, distribuir cerca de 2 bilhões de doses de vacina, infelizmente não conseguiu, e o Brasil - que se dizia que se atrasou, que não comprou vacina, que não tinha vacina - na prática, nós doamos vacinas, inclusive, doamos recursos financeiros, mais de US$ 80 milhões de dólares para fortalecer a vacinação mundial. Então, essas narrativas, elas são distinguidas todas por políticas públicas e a sociedade brasileira já sabe disso. 


O senhor estava comentando sobre o bom desempenho da vacinação e do enfrentamento da pandemia aqui no Brasil. A que se deve isso, ministro?

Se deve primeiro a ter vacinas. Segundo, a estratégia diversificada que o governo adotou para adquirir essas vacinas. A principal delas foi uma encomenda tecnológica feita à Universidade Oxford, do Laboratório AstraZeneca, para produzir vacinas com IFA nacional do Brasil, R$ 1,9 bilhão foi alocado nessa iniciativa. Outro ponto, a cultura vacinal do povo brasileiro. O povo brasileiro, ao longo do tempo, ele tem a vacinação como um valor importante. É por isso que o governo do presidente Bolsonaro não quer forçar as pessoas a tomar a vacina, porque nós achamos que a liberdade é um dos principais pontos do sucesso da nossa campanha de imunização.

Queiroga em visita à sede do SBT
Queiroga em visita à sede do SBT, em São Paulo | Reprodução/SBT


Muita gente têm curiosidade em saber ministro, o presidente Jair Bolsonaro, ele já se vacinou contra covid-19? Ele falou que seria o último brasileiro a se vacinar.

Ele falou, essa é um decisão individual do presidente. O presidente, a mim, sempre cobrou celeridade na aplicação das vacinas, nos cobrou que os recursos fossem aplicados de maneira correta. Não há sequer uma denúncia comprovada de desvios no governo do presidente Bolsonaro na área da Saúde. As vacinas que nós aplicamos aqui, majoritariamente, são vacinas que tiveram aprovação nas principais agências regulatórias do mundo, e o presidente sempre defendeu a liberdade. O presidente está na cena política desde 1990 e ele sempre foi um elemento contestador, e é esse espírito dele que faz com que o Brasil tenha enfrentado e vencido a covid-19 de uma maneira muito eficiente.

O fato dele ter falado que será o último brasileiro a se vacinar, pode ter -de alguma forma - atrapalhado  ou deixado de incentivar os brasileiros a se vacinarem?

O presidente sempre ajuda muito, tanto que o governo do presidente Bolsonaro alocou R$ 38 bilhões somente para a aquisição de vacina. Lembra que os governadores da minha região - da região Nordeste - diziam que iam adquirir a vacina. Quantas doses trouxeram? Quantas doses prefeitos adquiriram? E a iniciativa privada - que dizia que o Sistema Único de Saúde não tinha condição de aplicar vacinas e ia trazer vacinas para o Brasil - quantas doses? São fatos, e a população brasileira sabe disso. Veja, vacinação em criança, ' Ah, o ministro atrapalhou vacina em criança', quais são os elementos? 'Ah, porque fez uma audiência pública'. Eu ia fazer uma audiência secreta, audiência tem que ser pública, as discussões têm que ser transparentes. 

Sobre o programa Médicos pelo Brasil, que substitui o programa Mais Médicos, a gente queria saber ministro quando esse programa deve sair do papel, qual que é o objetivo, tentar trazer mais médicos - maior efetivo - para os hospitais da rede pública?

Nós temos o programa Médicos pelo Brasil, todos médicos têm o CRM, eles passam por um processo de seleção por uma agência que faz parte da estrutura do ministério chamada DAPS, Agência de Desenvolvimento da Atenção Primária de Saúde, os médicos são contratados pela CLT, ou seja, há uma segurança e uma perspectiva de uma carreira para esses profissionais de saúde. Esse programa vai substituir o programa anterior com muita vantagem, e o que nós queremos é justamente ampliar o acesso da atenção primária à saúde.

Já tem uma previsão de quando ele vai começar a funcionar?

Já começou, já contratamos médicos, os médicos que são os preceptores, os tutores, para que consigamos levar médicos para as regiões remotas dessa grande nação que é o Brasil. O Brasil ainda tem populações que moram em áreas remotas, são 48 mil Unidades Básicas de Saúde (UBS), 53 mil equipes de saúde da família, mas é bom chamar a atenção para um aspecto importante, que é a questão da telessaúde. No final de 2018, 2019, esse tema foi muito discutido e, hoje, com a pandemia, se verificou a importância da telessaúde como uma ferramenta de ampliação do acesso. O Ministério da Saúde, durante essa emergência de saúde pública de importância nacional, flexibilizou e disponibilizou a estratégia de telessaúde. Ontem, o Congresso Nacional, a Câmara dos Deputados, aprovou um projeto de lei, já tornando a telessaúde com uma segurança jurídica maior. Espero que o Senado confirme, mas o Ministério da Saúde, independente disso, vai editar uma portaria para regulamentar o tema enquanto o Congresso Nacional não se manifesta  de maneira definitiva. Você falou do Médicos pelo Brasil, então, a estratégia de telessaúde, ela ajuda esse programa, inclusive, com a participação maior de outros profissionais de saúde que integram a equipe de saúde da família. 

Tem alguma mensagem que você gostaria de deixar para os brasileiros agora, ministro? Sobretudo em relação a pandemia, qual mensagem o senhor gostaria de deixar?

A mensagem é de confiança. No Brasil. Confiança no Sistema Único de Saúde, que é um valor em si, um patrimônio de cada um dos 210 milhões de brasileiros e está espalhado por toda essa grande nação. Onde há Brasil, há SUS. É por isso que a saúde é um direito de todos e um dever do Estado. Nós não acabamos com o vírus, e também não acabamos com a doença, nós temos que conviver com a doença e com o vírus, e para enfrentá-lo com eficiência nós temos o Sistema Único de Saúde, com os nossos médicos, nossos enfermeiros, profissionais de saúde, que, eu tenho certeza, Flávia, nossa população brasileira confia.

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