Mourão prioriza compromissos no Sul de olho no Senado nas eleições 2022
Vice-presidente viajou mais para o RS que para a Amazônia como presidente do Conselho da floresta
Quando não está em Brasília, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, dá preferência aos compromissos nos polos do Brasil: entre o Sul/Sudeste e o Norte. Com preferência para o Rio Grande do Sul -- estado pelo qual deve tentar uma vaga ao Senado nas eleições de 2022.
Segundo a agenda oficial de Mourão, foram 24 dias gastos em visitas aos rio-grandenses; o estado é o segundo colocado no ranking de compromissos oficiais do general da reserva, com 57 atividades registradas desde o início do mandato, em 2019.
O levantamento feito pelo SBT News aponta reuniões do vice-presidente com empresariado, encontros com representantes do agronegócio e até o comparecimento a uma "sessão branca" de uma loja maçônica.
Na capital Porto Alegre, em abril de 2020, Mourão visitou o Centro de Operação de Combate ao covid-19 do Comando Militar do Sul. Um ano depois, em agosto de 2021, proferiu palestra intitulada "O Brasil que eu Vejo, o Brasil que eu Quero".
Em fevereiro de 2022, ele visitou a fábrica da Taurus em São Leopoldo (RS) e ganhou de presente uma pistola sem componentes internos, como o percursor -- o item que deflagra a espoleta do cartucho -- e o carregador. O mimo ao general foi entregue pelo presidente da empresa, Salesio Nuhs.
Os outros estados que encabeçam a lista de visitas mais frequentes são:
1º São Paulo: 79 compromissos;
2º Rio Grande do Sul: 57 compromissos;
3º Rio de Janeiro: 39 compromissos;
4º Amazonas: 38 compromissos;
5º Pará: com 23 compromissos.
Visitas ao Norte
Na região que compõe a Amazônia Legal -- área que engloba nove estados do Brasil pertencentes à bacia Amazônica -- Mourão passou 19 dias cumprindo 64 compromissos oficiais ligados à situação da floresta. Dentre os quais, oito foram relacionados ao deslocamento de autoridades.
Mourão assumiu a coordenação do Conselho Nacional da Amazônia após o presidente Jair Bolsonaro (PL) reativar a entidade, em janeiro de 2020, e transferir o comando para a vice-presidência, antes estava a cargo do ministério do Meio Ambiente.
Como na antiga formulação, o órgão teria por objetivo "coordenar as diversas ações em cada ministério voltadas para a proteção, defesa e desenvolvimento sustentável da Amazônia", segundo descreveu Bolsonaro em uma postagem nas redes sociais anunciando a transferência.
Mourão visitou centros de operações, laboratórios de manejo ambiental, almoçou com autoridades do Exército e do executivo local, bem como participou da recepção de uma missão diplomática à Amazônia Ocidental, no final de 2020, nos estados do Amazonas, Pará, Acre e Rondônia.
No Mato Grosso, entre 2019 e o ano seguinte, Mourão participou de cerimônias em alusão à safra de soja no município de Sorriso. Também almoçou com empresários do agronegócio e apresentou, na capital Cuiabá, a Operação Verde Brasil 2 -- substituída em 2021, pelo Plano Amazônia -- anunciado em Brasília.
Já em Roraima, a autoridade visitou as instalações criadas para garantir o acesso de pessoas em situação de deslocamento forçado a abrigos em emergências humanitárias; os refugiados chegaram principalmente da Venezuela, no segundo ano de mandato do governo Bolsonaro. No Maranhão, uma visita ao Centro de Lançamentos de Alcântara, em 2021.
Segundo a agenda oficial do vice-presidente, o Amapá, estado que também compõe a bacia Amazônica, não recebeu nenhuma visita desde que Mourão assumiu o cargo.
Visitas ao Sudeste
Os estados de São Paulo e Rio de Janeiro também integram o pódio de visitas oficiais do vice-presidente. Na capitais, Mourão participou de solenidades das forças armadas -- maioria na capital fluminense -- concedeu entrevistas, almoçou com empresários do setor imobiliário e da indústria, além de encontros com bancários.
Procurado para esclarecimentos quanto a ausência de compromissos na agenda oficial, o gabinete da vice-presidência da República não respondeu aos questionamentos até o fechamento desta reportagem.
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