Bolsonaro defende Milton Ribeiro: "Coloco minha cara no fogo por ele"
Segundo presidente, apesar de aliados pedirem a exoneração do ministro, Jair Bolsonaro acredita em sua permanência no MEC
O presidente Jair Bolsonaro defendeu, nesta 5ª feira (24.mar), a permanência do ministro da Educação, Milton Ribeiro, no cargo, alegando que o chefe da pasta estaria sendo alvo de uma "covardia".
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"O Milton, coisa rara de eu falar aqui. Eu boto minha cara no fogo pelo Milton, minha cara toda no fogo pelo Milton! Isso aí que estão fazendo é uma covardia com ele", declarou Bolsonaro, em sua transmissão semanal, nas redes sociais.
Na última 2ª feira (21.mar), áudios divulgados pelo jornal 'Folha de S. Paulo' revelaram uma conversa em que Milton Ribeiro afirma favorecer, no repasse de verbas do MEC, os municípios que tenham sido previamente indicados por dois pastores. Ainda de acordo com o ministro, a iniciativa seria um pedido em particular do presidente Jair Bolsonaro.
Além disso, uma semana antes, o jornal 'O Estado de S.Paulo' já havia apontado a existência de um suposto "gabinete paralelo" dentro do Ministério da Educação, no qual lideranças evangélicas teriam controle sob os recursos e a agenda do MEC.
Bolsonaro argumentou que, se Milton Ribeiro "estive armando", ele não teria permitido a divulgação de sua agenda, na qual estão registros os encontre dele com os pastores citados. "O Milton tomou as providências. Daí, alguns falam: 'ah, ele tinha 19 agendas [com os pastores]'. Se ele tivesse armando, meu Deus do Céu, armando, não teria botado uma agenda oficial aberta ao público. É muito simples. Quando o cara quer armar, ele vai pelado à piscina, vai em um fim de mundo, em uma praia, vai para o meio do mato. É assim que ele age. Ele não bota na agenda ali o nome do corruptor; não bota", disse o presidente, citando ainda que o ministro chegou a alertar a Controladoria-Geral da União (CGU) a respeito das supostas irregularidades, mas que manteve os encontros para não "atrapalhar as investigações".
A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, também saiu em defesa de Milton Ribeiro, afirmando que, como ministros de Estado, eles são orientados por um assessoria jurídica adotar determinadas iniciativas e que, por isso, a decisão dele de encaminhar o caso à CGU e não à Polícia Federal foi correta.
"Pastor Milton é uma das pessoas mais honradas do segmento evangélico. Uma das pessoas mais incríveis que eu conheço. Ele tomou a providência que a assessoria jurídica dele recomendou que era a cabível para aquele caso. Ele acertou, e ele fez na hora certa", enfatizou Damares.
O presidente disse ainda que as denúncias devem ser devidamente apuradas e que, para isso, os prefeitos envolvidos no caso devem ter suas versões averiguadas. "Tem três prefeitos citados. Os três, com toda a certeza, a PGR vai abrir um procedimento também; os três vão ser chamados para falar na PGR; os três vão ser chamados para testemunhar na Polícia Federal; eles vão ter que falar agora com prova: 'olha, ele me pediu um quilo de ouro - esses dois que estavam negociando lá, tráfigo de influência -, ele me pediu lá R$ 300 mil'. Arruma prova, pô! Vão falar só da boca para fora?", destacou chefe do Executivo.
Na sequência, Bolsonaro mencionou a decisão, desta 5ª feira (24.mar), do Supremo Tribunal Federal que autorizou a abertura de inquérito contra Ribeiro. Em tom irônico, ele agradeceu à ministra Cármen Lúcia pelo parecer favorável ao pedido de investigação enviado pela Procuradoria-Geral da República: "Obrigado, ministra Cármen Lúcia, pela decisão. Eu estou muito feliz com essa decisão; e o Milton Ribeiro também".
Por fim, Jair Bolsonaro defendeu a permanência de Milton Ribeiro no comando do Ministério da Educação, apesar de aliados de seu entorno estarem "buzinando" para que o ministro seja exonerado. Segundo ele, esses grupos já teriam, inclusive, sugestões de nomes.
"Agora, tem gente que fica buzinando, faz chegar para mim: 'Manda o Milton embora, já tenho um bom nome para botar aí'. Tem gente que quer botar alguém lá, mas não fala publicamente: 'olha, eu tenho um nome'", concluiu o presidente indicando que Milton Ribeiro deve continuar no cargo.
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