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Cariani explica mensagem para sócia: "Ninguém trabalha fim de semana para fugir da polícia"

Influenciador fitness é investigado pelo MP por suposto desvio de produtos para o refino e adulteração de cocaína. Ele nega irregularidades

O empresário, fisiculturista e influenciador fitness Renato Cariani postou um vídeo nesta 5ª feira (14.dez) para explicar a troca de mensagens com a sócia Roseli Dorth que consta no inquérito do Ministério Público contra a empresa deles, a Anidrol Produtos para Laboratórios Ltda., além de outros pontos da investigação da Polícia Federal sobre a suspeita de emissão de notas falsas e desvio de produtos que podem ser usados  para refino e adulteração de cocaína.

No inquérito ao qual o SBT News teve acesso, Cariani diz para Renata em 13 de abril de 2014:

"Graças a Deus esta semana é curta, podemos trabalhar no feriado pra arrumar de vez a casa e fugir da polícia (...) Também precisamos arrumar o mapa da Civil, vão vir babando (...) Arruma tudo para esperar estes vermes. Acho que a polícia pode aparecer ainda esta semana. Por isso que quero que a semana passe rápido..."

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No vídeo, Cariani justificou que não se lembra dessa troca de mensagens ocorrida quase dez anos atrás e que vai constar a veracidade da conversa. Mas, de qualquer forma, alegou que: 

Ninguém trabalha final de semana para fugir da polícia. Provavelmente na semana seguinte teríamos auditoria da Divisão de Meio Ambiente da Polícia Civil que anualmente vai fazer fiscalização para renovar a licença.

Ainda de acordo com o influenciador, a conversa se deu para fazer uma dupla checagem dos processos e dos produtos na empresa para receber a fiscalização. E explicou o termo "verme" usado na mensagem para se referir à polícia.

Peço desculpas se eu usei um termo inapropriado, mas é uma conversa entre dois sócios, é um desabafo. Às vezes você xinga um cliente, fiscal ou fornecedor. Passar por auditoria é muito estressante.

Em outra conversa, também em 2014, Cariani pede para que Roseli apague as mensagens referentes a um diálogo em que ela o questiona sobre a retirada e um pagamento. Cariani responde sobre a retirada de "sulfúrico e acetona" - produtos controlados usados no refino de drogas como crack e cocaína e que teriam sido desviados em um esquema de notas frias e pagamentos em dinheiro.

Ainda segundo o MP, na mesma conversa, Roseli sugere declarar falsamente o tipo de produto vendido em nota fiscal para uma empresa que não possui o registro necessário do produto. Ela sugere "arrancar o rótulo" e lançar como outro item, o que, segundo Roseli, seria "tranquilo e rápido". Segundo Cariani, a venda foi feita para uma empresa que não tem certificação norte-americana United States Pharmacopeia (USP), então precisou retirar o rótulo "premium" para vender como um produto "básico", que não necessita da certificação.

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Cariani foi alvo de uma ação da Polícia Federal em sua casa em São Paulo nesta 3ª feira (12.dez) em uma operação que investiga o tráfico de drogas e o desvio de um produto químico utilizado na produção de crack.

A empresa na qual ele é um dos sócios emitia notas falsas de venda de produtos para refino e adulteração de cocaína, segundo inquérito do Ministério Público, ao qual o SBT News teve acesso com exclusividade. O MP recebeu denúncia de três importantes empresas da indústria farmacêutica alegando que a Anidrol Produtos para Laboratórios Ltda. emitia notas fiscais de venda de produtos que essas empresas não havia comprado. O inquérito diz que cerca de 60 notas fiscais falsas podem ter sido emitidas entre 2014 e 2019.

"Minha empresa emite 1.000 notas por mês. De 2014 a 2019 seriam 72 mil notas. Esse volume é menos de 0,001%".

Segundo estimativas, com base nas informações obtidas até o momento, as operações apontadas geraram lucros de, ao menos, R$ 2,4 milhões, correspondente ao valor movimentado em notas fiscais emitidas ou em depósitos realizados em espécie. Ainda segundo o inquérito, por causa dessas atividades, os envolvidos podem ter obtido mais de R$ 3,7 milhões.

O inquérito aponta ainda que uma pessoa próxima a Cariani chamada Fábio Spinola criou criado um e-mail de um suposto funcionário da AstraZenica que teria recebido as vendas dos produtos e as notas frias. Em maio, Spínola foi preso na Operação Downfall, deflagrada pela Polícia Federal, que apontou que ele integrava a organização criminosas PCC atuando como corretor imobiliário informal. Ele ainda teria ocultado e destruído provas de interesse do grupo criminoso. 

Cariani diz que sua empresa tem 40 anos de existência e nenhuma relação com o crime. 

Preciso preparar minha defesa, não posso sabotar a minha defesa porque corre em segredo de Justiça. Tem muito mais coisa para esclarecer que eu vou esclarecer. Mas primeiro vou fazer a minha defesa."


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