Polícia

"Meu pai sempre será herói", diz filho de petista morto por bolsonarista

Segundo Leonardo Arruda, guarda municipal evitou "uma tragédia maior"

Leonardo Arruda, filho do guarda municipal e militante do Partido dos Tralhadores (PT) Marcelo Arruda -- que foi assassinado pelo bolsonarista e agente penitenciário federal Jorge José da Rocha Guaranho em Foz do iguaçu (PR) --, disse neste domingo (10.jul) que, para ele, seu pai "é e sempre será um herói". Muitos amigos da vítima se juntaram a familiares na última noite, no velório, realizado no Ginásio de Esportes Sebastião Flor, no centro de Foz do Iguaçu (PR). Várias homenagens foram feitas com coroas de flores. Ainda não há horário marcado para o enterro, mas deve ocorrer nesta 2ª feira (11.jul) na cidade, onde Marcelo nasceu e cresceu.

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De acordo com Leonardo, o pai "teve uma trajetória de vida muito difícil". "Mas conseguiu criar uma família, infelizmente deixou um filho que nasceu recentemente, não tem nem dois meses de vida. Realmente foi uma tragédia, foi horrível, uma cena que eu acho que vai ser difícil de esquecer. Vendo um rapaz que, através de ódio, movido somente a ódio, querendo matar várias pessoas, foi horrível", completou, em entrevista ao SBT News.

Ele estava na festa de aniversário em que Marcelo foi assassinado. Segundo Leonardo, ninguém conhecia Jorge nem a esposa dele, e ele não tinha sido convidado. "Acredito que por ele residir próximo ao clube onde foi realizada a festa, creio que ele frequentava essa associação e ele deve ter achado que havia alguma festa entre os amigos ou algum conhecido dele. Aí logo quando ele se deparou com o tema da festa, decoração com a temática sobre o PT, porque o meu pai era petista, participava de movimento sindical e membro do diretório do PT de Foz do Iguaçu, ele simplesmente não gostou do tema e começou a dizer algumas frases, frases de ordem como 'aqui é Bolsonaro, vou matar todos esses petistas, vou matar todo mundo, aqui é mito'", pontuou.

O filho do guarda municipal relembra que, num primeiro momento, quando Jorge começou a proferir as frases, Marcelo pediu para ele se retirar e disse que atuava na guarda municipal há 30 anos, mas o desconhecido apontou a arma em sua direção e só não atirou porque a esposa de Jorge, também presente, não o deixou fazê-lo, pedindo que não atirasse na frente da filha recém-nascida do casal não convidado para a festa; a criança estava no carro com que chegaram no local.

Na sequência, Jorge prometeu que voltaria para tentar atirar, "fazer o que havia prometido, que era matar todo mundo", falou Leonardo. Assim, com medo do retorno do suspeito, Marcelo teria pegado sua pistola no carro e ficado aguardando. Depois, o agente penitenciário retornou e, mesmo com agentes de segurança no local falando para ele não atirar, porque todos ali eram policiais, Jorge efetuou disparos. Conforme Leonardo, matou seu pai "de forma covarde". Ele teria dado dois tiros à queima-roupa, mesmo com o outro homem no chão. Marcelo, por sua vez, na sequência, com a ajuda da companheira, acertou cinco tiros no suspeito. Dessa forma, conseguiu, afirma Leonardo, "imobilizar ele e evitar uma tragédia maior, pagando com a própria vida". Foi logo após relatar isto, na entrevista à reportagem, que disse que o pai "é e sempre será um herói", em sua visão.

O filho do guarda municipal espera que o ocorrido "sirva de exemplo, que outras pessoas não cometam mais esse erro, não usem mais esse discurso de ódio, essa prática de ódio, para poder tirar a vida de outro pai de família, deixar toda uma família triste por causa de algo fútil, uma discussão entre você não gostar de um partido, de um time de futebol, de uma religião, de uma opção sexual, isso são coisas que devem ser respeitadas e que seria a forma de democracia no nosso país".

Ele avalia como "muito importante agora confiar no trabalho da polícia, até porque com todas as provas que há no local, todas as testemunhas, a polícia está conduzindo muito bem, dando todo o apoio". Acredita ainda que "a Justiça será feita, a verdade virá à tona e a história terá um desfecho". Leonardo fala que aprendeu "muitas coisas" com o pai e que ele deixou "muitos ensinamentos" para todos com quem conviveu. Entre seus princípios, estaria o de que é necessário sempre prezar pelo bem e ter empatia pelo próximo.

Nas palavras do filho, "era uma pessoa querida por todos, apesar de que há indiferença entre partidos, entre pessoas de partidos diferentes, de opiniões diferentes, tem muitas pessoas que apoiam o Bolsonaro, por exemplo, e estão no velório dele, por respeito a ele, por respeito à pessoa que ele foi, o ensinamento que ele foi, então ele sempre vai ser um herói". Acredita que, evitando uma tragédia maior, o pai "cumpriu a missão dele que é transmitir o bem, transmitir uma palavra de esperança, uma palavra de paz para todas as pessoas que não é legal você disseminar o ódio através de atitudes, através de palavras".

Na tarde de domingo (10.jul), a delegada Iane Cardoso afirmou que Jorge José Guaranho não morreu e estava em estado estável no Hospital Municipal Padre Germano Lauck em Foz do Iguaçu. A polícia vai investigar a hipótese de que o crime teria sido por motivação política. Ainda segundo a delegada, Jorge teria chegado na festa ouvindo músicas que remetiam ao presidente Jair Bolsonaro. E testemunhas disseram que ele teria gritado "aqui é Bolsonaro". Conforme Iane, Marcelo Arruda teria pedido para o outro homem se retirar e a briga teria começado quando o militante petista jogou pedras contra o agente penitenciário.

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