Morte na Cracolândia: policiais que confessaram ação se entregam
Possibilidade de legítima defesa não está descartada pela investigação
Três policiais do Grupo Armado de Repressão a Roubos do Departamento de Operações Policiais Estratégica (Garra-Dope) de São Paulo se entregaram nesta 6ª feira (13.mai). Eles assumiram participação na ação que resultou na morte de Raimundo Nonato Rodrigues Fonseca Júnior, de 32 anos, na noite de 5ª feira (12.mai) na Cracolândia, na região Central de São Paulo.
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O envolvimento dos policiais no assassinato -- e a consequente entrega deles às autoridades responsáveis -- foi confirmado pela diretora do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil de São Paulo, Elisabete Sato. Ela falou sobre o crime em entrevista à TV Bandeirantes.
Elisabete afirmou que os três policiais se apresentaram espontaneamente. Ela também avisou que, por ora, a "possibilidade de legítima defesa" por parte do trio não está descartada. Ao lado da diretora do DHPP, o delegado Artur Dian, do Garra, declarou que os policiais efetuaram disparos anti-motim, que são "menos letal". O uso de "munição real", conforme ele definiu, também foi confirmado por um dos policiais, avisou Dian.
"Para proteger a própria", afirmou o delegado do Garra, com base na declaração de um dos policiais que se entregaram. "Temos testemunhas que pediram socorro naquele momento [da ação na Cracolândia]. Usuários de drogas e traficantes estavam tentando invadir diversos estabelecimentos e eles [policiais] fizeram os disparos com o intuito de se defender", prosseguiu Artur Dian. Ele reforçou que as declarações dos policiais serão confrontadas com as imagens que as autoridades têm do momento da ação.
O delegado avisou que os três policiais seguem na corporação. Por ora, ele serão afastados das atividades de rua, confirmou Dian.
Para o andamento das investigações do caso, Elisabete Sato informou que parte dos projéteis encontrados no local foram colhidos. Ela, entretanto, afirmou que "pode ser que não se defina o calibre" da munição que acabou por atingir Raimundo Nonato, que chegou a ser socorrido pelo Corpo de Bombeiros e levada à Santa Casa da capital paulista, mas não resistiu.
Perícia
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) informa que o DHPP está investigando o caso. Apesar da entrega dos três policiais, a SSP-SP observa que a perícia ainda está em curso -- e que caberá a ela identificar se o tiro, que atingiu o tórax do homem de 32 anos, foi de fato disparado por algum dos integrantes da corporação que se entregaram. A investigação da morte ocorrida na Cracolândia está sendo acompanhada pela corregedoria da Polícia Civil paulista.