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Criptomoedas, lavagem de dinheiro e assassinatos: entenda a "guerra" no PCC

Série de mortes na maior facção criminosa do Brasil escancara esquema milionário

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A morte de Anselmo Santa Fausta, homem forte da facção criminosa Primeiro Comando da Capital, o PCC, em 27 de dezembro do ano passado, escancarou a fortuna movimentada por traficantes de drogas em São Paulo. A investigação do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) em São Paulo, aponta para um crime encomendado por empresários que lavam o dinheiro dos integrantes da facção. Um investimento malsucedido em criptomoedas resultou na morte de quatro pessoas, com direito a corpos esquartejados e operações de busca em ilhas particulares e mansões. 

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A investigação sobre o assassinato de Anselmo Santa Fausta, homem forte do PCC, escancarou uma guerra entre quem vende drogas e quem lava o dinheiro do crime organizado. A Polícia Civil de São Paulo estima que a movimentação de empresários e traficantes ultrapasse R$ 2 bilhões.   

O início

Para entender melhor as mortes, é preciso voltar no tempo. A data é 27 de dezembro de 2021, Anselmo e Antônio Corona Neto, conhecido como 'Sem Sangue', estavam em um carro. Eles foram vítimas de uma emboscada no Tatuapé. O assassino parou ao lado do carro deles e disparou diversas vezes e desgovernado, o veículo bateu no portão da garagem de um prédio. 

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O assassinato gerou uma dúvida na polícia, quem teria coragem de matar Anselmo, homem que coordenava o tráfico internacional de drogas do PCC?  Toda a polícia de São Paulo sabia da importância dele na hierarquia do crime organizado, mas Anselmo, curiosamente, nunca foi preso. 

A resposta da facção veio rápido, vinte dias depois. O PCC identificou o atirador antes da polícia, um perigoso ex-presidiário, Noé Alves.  O corpo dele foi encontrado, esquartejado, em Suzano, na grande São Paulo. Um bilhete dizia o motivo, Noé foi "cobrado" por causa da "covardia" contra Anselmo e 'Sem Sangue'. Para mostrar poder, a facção foi além, um motoqueiro jogou a cabeça de Noé na mesma praça em que ele matou Anselmo. 

A cabeça deixada na praça em uma tarde de domingo é mais do que a prova de um crime, é o que os policiais - bastante preocupados - chamam de mexicanização da violência em São Paulo, uma alusão à guerra de facções que acontece no México, pelo controle do tráfico de drogas. Lá ou aqui, a mensagem é a mesma, o crime que desafia o poder do Estado. 

Uma semana depois, outro crime, Cláudio Marcos de Almeida, conhecido como Django - outro homem forte da facção - foi encontrado morto debaixo de um viaduto, na zona leste. Ele foi enforcado por ordem do PCC.

Empresários suspeitos

O porquê da morte dele só seria conhecido mais tarde, depois da prisão do empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach. O milionário que fez fortuna em pouco tempo mora em um prédio de luxo, na zona leste, onde tem dois apartamentos, avaliados em R$ 10 milhões cada um.   

Momento da prisão do empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach | SBT News

Para a Polícia, Antônio Vinícius pode ser o mandante do assassinato de Anselmo. O homem do PCC teria entregue ao empresário R$ 40 milhões para serem investidos em criptomoedas. O tal investimento não deu certo e segundo policiais, Anselmo teria ameaçado o empresário para recuperar o dinheiro. Em resposta, Antônio Vinicius teria encomendado a morte do homem do PCC. 

 A polícia fez buscas na mansão de outro milionário, o investidor de criptomoedas Pablo Henrique Borges, um ex-hacker que já desviou R$ 400 milhões de bancos.

Pablo Borges é investigado pela morte de um dos principais líderes da facção PCC | SBT News

A mansão dele, avaliada em R$ 15 milhões, tem quartos secretos, um deles, de gosto duvidoso, com tudo vermelho.

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Pablo havia fugido, mas acabou preso dias depois em ilha particular em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. O esconderijo dele tinha piscina com borda infinita e até uma praia particular. 

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Outros quatro suspeitos também tiveram a prisão decretada e fugiram, o agente penitenciário David Moreira da Silva, que trabalha no CDP de Pinheiros, na zona oeste, é considerado testemunha-chave. Ele era segurança de Pablo e amigo de infância do atirador Noé Alves. O agente teria feito o contato com o matador de Anselmo. 

Outros suspeitos

Mais três empresários estão com a prisão decretada, mas teriam cometido outro crime. O empresário Antônio Vinícius disse que foi feito refém em uma casa em obras por Robson Granger Moura, o Moly, Rafael Maeda Pires, o Japa, e Danilo Lima de Oliveira, o Tripa - um conhecido empresário de jogadores de futebol. 

 O empresário disse que foi levado para um sobrado branco que fica em uma tranquila rua, também na zona leste. No local, um dos integrantes da facção já esperava, de luvas, pela chegada de Antônio Vinicius. A sentença seria matar e esquartejar o empresário, o que só não aconteceu por causa da chegada de um outro homem do PCC. Claudio Marcos de Almeida, o Django, livrou o empresário da morte pelo tribunal do crime porque queria recuperar o próprio dinheiro investido em criptomoedas. Por isso, Django acabou morto pelo PCC. 

Desafio da investigação

O principal desafio da investigação do Departamento de Homicídios é conseguir separar dois crimes que estão completamente ligados, os assassinatos e a lavagem de dinheiro do tráfico de drogas. O próximo passo é individualizar a participação de cada um dos suspeitos.  

Uma acareação entre os investidores de criptomoedas Antônio Vinícius e Pablo será feita pelo DHPP. O que chama atenção dos policiais é o perfil dos suspeitos, jovens e milionários. 

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