Garçom negro sofre abordagem racista da PM em Ipanema, no Rio
Funcionário recebeu voz de prisão por roubo, mesmo com testemunhas afirmando que ele estava trabalhando
Um auxiliar de garçom negro, funcionário de um quiosque no posto 8, em Ipanema, na zona sul do Rio de Janeiro, quase foi preso ao ser acusado de ter cometido um assalto.Um capitão da Polícia Militar deu voz de prisão após afirmar que ele tinha todas as "características" do criminoso. A confusão foi registrada em vídeo pela vítima e compartilhada nas redes sociais.
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Patrick Gonçalves estava em horário de almoço quando foi abordado pelo PM -- identificado como Sandro -- e acusado de roubo. Segundo o policial, ele era um suspeito por estar com uma camiseta azul e ser negro, características descritas por uma vítima de assalto na região, e teria que ir para a delegacia. Indignado, o jovem começou a gravar a abordagem racista. "Aqui ó, na frente de todo mundo, na praia de Ipanema, soldado Sandro -- sargento, não sei o que ele é -- todo mundo vendo aqui, ele me enquadrando", diz ele enquanto mostra o rosto do PM e as testemunhas.
Em outro vídeo, Patrick aparece acompanhado da gerente do quiosque em que trabalha. Ele estava sendo encaminhado à delegacia pelo PM, mesmo depois de clientes e funcionários do local terem afirmado ao policial que Patrick estava em horário de trabalho e não poderia ter participado de qualquer tipo de crime.
"Traz caveirão, traz tudo. Agora a gente tem que andar assim em Ipanema, a gente não pode andar, ser um preto livre, porque a polícia te enquadra achando que é ladrão. A vítima diz que tem a mesma característica que a minha. Eu quero ver essa vítima, quero saber se ela é sujeito, sujeita. Eu quero saber o que está acontecendo", afirma o homem.
A confusão só teve fim quando a gerente e outras testemunhas conseguiram convencer o policial de que não havia motivos ou provas para deter o garoto. Ao SBT, Patrick disse que teve sorte: "Graças a Deus tinham pesoas que viram a abordagem dele e acharam aquilo um cúmulo e, para minha sorte, muitas pessoas ali eram advogadas e isso fez com que abafasse um pouco a ação dele".
Em nota, a Polícia Militar informou que o procedimento normal de um policial, caso ele desconfie de uma pessoa, em qualquer local, é fazer a abordagem, pegar a documentação e, se houver vítima, as pessoas tem que ser conduzida à delegacia para algum registro. Se não houver qualquer tipo de suspeita, ou algo que incrimine aquela pessoa, ela tem que ser liberada.