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"Bolso vai falar mais alto do que canhões": especialista analisa risco de conflito Venezuela x Guiana

Ao SBT News, Leonardo Trevisan comentou intenção venezuelana em tentar anexar mais da metade do território da Guiana

Os olhos de vários líderes mundiais se voltaram para a América do Sul, neste domingo (3.dez), depois que a Venezuela aprovou um referendo para anexar a região de Essequibo, rica em petróleo e minerais, que hoje pertence à Guiana. A área, de 160 mil quilômetros quadrados, representa cerca de 75% do território do país e é alvo de uma disputa que remonta mais de um século entre os dois países.

Apesar da tensão histórica, acirrada pela descoberta recente, em 2015, de abundantes reservas de petróleo na região, o doutor em ciência política e professor de relações internacionais da ESPM, Leonardo Trevisan, avalia que a motivação do governo de Nicolás Maduro para tentar anexar a região é outra: a busca de um sentimento de unidade nacional, às vésperas das eleições na  Venezuela, previstas para 2024.

"O governo de Maduro precisa de alguma coisa que catalise, que reúna, que funcione como um agregador de votos. Como todos nós sabemos, quase sempre governos mais autocráticos precisam de inimigos externos. Está aí a chance, não é, o inimigo externo juntar todos os venezuelanos para disputar a Guiana e aí ele ganha a eleição para presidente", afirmou Trevisan

Apesar da aprovação do referendo, o instrumento possui apenas caráter consultivo, portanto não representa autorização para anexação da região. Inclusive, a Corte Internacional de Justiça, integrante das Nações Unidas, que arbitra questões de direito internacional envolvendo a soberania das nações, havia proibido a Venezuela de tomar qualquer medida que pudesse ter esse fim. 

+ Poder Expresso: Risco de guerra? Venezuela aprova tomar parte da Guiana rica em petróleo

Leonardo Trevisan reforça que uma tentativa nesse sentido levaria a uma forte reprovação da comunidade internacional, além de novas sanções à Venezuela.

"A Venezuela conseguiu, vamos chamar dessa forma, um alívio, um respiro nas sanções internacionais. A Venezuela precisa vender petróleo. Se as sanções internacionais, por um ataque como esse acontecerem, ela para de vender o petróleo. Portanto, o bolso vai falar mais forte do que os canhões".

A mediação brasileira

O Brasil reforçou a presença de militares no norte de Roraima, região que faz fronteira tanto com a Venezuela quanto com a Guiana, mas a aposta da diplomacia brasileira é de diálogo com os dois países para uma solução pacífica. Para o professor Leonardo Trevisan, a força da diplomacia brasileira é muito maior do que qualquer ação militar.

"É óbvio que a Venezuela tem muita força, porém o Brasil quer equilibrar o jogo. O Brasil não quer uma disputa militar. Os militares venezuelanos têm muita proximidade com os militares brasileiros. O Brasil já ajudou a Venezuela em outras situações.  Nesse sentido, está muito longe de um conflito armado montado nessa situação".

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