"A gente tem medo e sempre corre risco", diz brasileiro que fugiu da guerra
Mahmoud Abdel Aziz, de 70 anos, veio em voo com outros 31 repatriados da Cisjordânia
Com um relato de medo e enfrentamento a riscos pela guerra entre Israel e Hamas, o brasileiro Mahmoud Abdel Aziz, de 70 anos, celebrou a chegada em segurança ao Brasil. Ele fez parte da comitiva que veio da Cisjordânia e trouxe 32 repatriados nesta 5ª feira (2.nov).
+ Com 400 pessoas, Estados Unidos lidera autorizações para deixar Gaza
A gente não tinha liberdade, não tinha como se movimentar de um lugar para o outro. Tudo cercado, tudo difícil a vida dos palestinos. A gente tem medo e sempre corre risco", afirmou Aziz durante desembarque em Brasília.
Ao lado da família, que tem como destino a cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná, Aziz também conta o desejo para que um acordo de paz seja firmado antes que mais mortes aconteçam. "Temos nossa família, filhos que moram lá. Se Deus quiser, tudo vai ficar bem", emenda. Ele também diz aguardar pela possibilidade de poder voltar à Cisjordânia.
Os passageiros chegaram a Brasília às 8h35, de acordo com o horário local. Com a nova chegada de repatriados, a Força Aérea Brasileira alcançou o transporte de 1.445 passageiros e 53 animais de estimação desde o início do conflito entre Israel e Hamas. Ao todo, foram realizados nove voos, que somam 300 horas.
A expectativa é que o próximo deslocamento seja dos brasileiros que estão na Faixa de Gaza. O governo aguarda autorização para transportar 34 pessoas que estão no local. O pedido para que eles deixem a área de conflito foi realizado, mas nenhum nome foi contemplado na nova lista de repatriações.
Uma segunda rodada de evacuação beneficiou 576 pessoas, a maioria dos Estados Unidos, com 400 nomes. Outros países contemplados foram: Azerbaijão, Barhein, Bélgica, Coréia do Sul, Croácia, Grécia, Holanda, Hungria, Itália, Macedônia, México, Suíça, Sri Lanka e Chade.
Brasileiros na Cisjordânia
O deslocamento da FAB foi encerrado em Brasília, mas parte dos que estavam no voo ainda seguirão para outros locais no país. Entre os locais de destino final estão a Foz do Iguaçu (oito pessoas), São Paulo (cinco), Florianpólis (quatro), Curitiba e Goiânia (dois) e Porto Alegre, com uma pessoa. Três dos que desceram em Recife seguiram viagem para Fortaleza. Uma passageira fica em Brasília.
Abla Aziz, uma das passageiras que vai para Foz do Iguaçu, relata sentimento de gratidão: "Quero paz". Ela retornou ao país com quatro filhos, e relembra dificuldades enfrentadas na área de conflito. "Para se locomover de uma região para outra estava bem difícil, com pessoas armadas", diz.
Outra passageira, Nazmieh Mohamed, 72 anos, citou o sentimento de medo e insegurança de brasileiros que seguem na área de conflito. "Tem muito brasileiro na Faixa de Gaza e ninguém está seguro lá", conta.