Plebiscito sobre democracia e kirchnerismo: especialista analisa eleição argentina
Ao Poder Expresso, professor comentou disputa entre Sergio Massa e Javier Milei, que acontece em 19.nov
O resultado do primeiro turno das eleições presidenciais argentinas pode ser considerado uma surpresa. Ministro da Economia -- e, portanto, apoiado pelo atual presidente, Alberto Fernández --, Sergio Massa largou à frente, superando o fenômeno Javier Milei, que havia vencido as primárias. Agora, ambos se enfrentam no segundo turno, marcado para 19 de novembro.
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Em participação no programa Poder Expresso, Ignacio Labaqui, professor de Política Latino-americana e Teoria das Relações Internacionais na Universidade Católica Argentina (UCA), analisou o pleito. Ele avalia que, mesmo com o cenário econômico difícil no país, Massa levou vantagem sobre Milei pela imprevisibilidade e incerteza que o ultraliberal representa.
"Milei tem notadamente um problema de governabilidade. A política econômica dele não é de todo clara. Não é claro como ele vai conseguir a dolarização. Então, Massa pode ter uma vantagem com o medo das pessoas às políticas radicais do Milei. O que eu acho que Massa vai fazer é propor à população a eleição como se fosse um plebiscito sobre democracia, sobre o risco que apresenta a extrema-direita. Para Milei, a oportunidade está em procurar os votos nas zonas centrais da Argentina, zonas rurais que estão muito mais dirigidas à exportação dos produtos primários, que são os que perdem com a atual política econômica", apontou.
O professor ainda comentou a participação de marqueteiros brasileiros ligados a Lula na campanha de Massa -- o que o candidato peronista considerou essencial para seu desempenho: "A esquerda brasileira tem uma melhor compreensão do fenômeno [da extrema-direita] do que a argentina. A Argentina é a primeira vez que tem um candidato de extrema-direita com competitividade eleitoral". Por fim, projetou o que se deve esperar do segundo turno. "Temos uma luta entre duas narrativas, dois discursos muito diferentes: um plebiscito sobre democracia e um plebiscito sobre a continuidade do Kirchnerismo".
Assista à íntegra da entrevista (a partir de 46min32seg):