"Povo perdeu confiança no exército e no governo", diz especialista em Israel
Ataque do Hamas, que foi o mais mortal em décadas, tem sido visto como falha das forças de segurança do país
O ataque do Hamas a Israel no último sábado foi, de longe, um dos maiores da história de um conflito que já dura séculos. O número de israelenses mortos foi, pelo menos, três vezes maior que o total registrado desde que Israel retirou suas tropas da Faixa de Gaza, em 2005. A inédita falha no robusto sistema de segurança do país tem deixado a população em alerta. Em entrevista ao Poder Expresso, João Koatz Miragaya, editor e escritor do site Conexão Israel, avaliou que "a falha do governo em detectar a ameaça do Hamas vai cobrar um preço caro".
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"Foi um choque muito grande para a população, que perdeu a confiança na sua própria segurança, no exército, na inteligência israelense e, principalmente, no governo israelense, que não foi capaz de tomar uma decisão que pudesse evitar os ataques e demorou 26 horas para conseguir frear os ataques na região sul do país", afirmou, mencionando pesquisa que aponta que 55% dos israelenses querem a saída imediata do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Miragaya comentou a declaração de um oficial da inteligência egípcia de que teria alertado Israel sobre a preparação do Hamas para um ataque de grandes dimensões -- o que Netanyahu nega. "A principal hipótese é de que o erro tenha sido do governo. Que o governo não tenha levado a sério a capacidade do Hamas em realizar um ataque tão mortal."
O escritor ainda contou que a maior parte da população israelense, hoje, apoia uma ação contra a Faixa de Gaza -- ainda que custe a vida de civis -- e disse não ter a intenção de deixar o país, em que vive desde 2009, neste momento. "Se a guerra continuar só com o Hamas, certamente eu não deixarei Israel", apontou, deixando aberta a possibilidade caso o grupo Hezbollah entre no conflito.
Confira a íntegra da entrevista (a partir de 12min53seg):