Pai de jovem que foi morta por usar hijab incorretamente é preso no Irã
Amjad Amini foi proibido de participar de cerimônias envolvendo a morte da filha; governo teme novos protestos
O pai de Mahsa Amini, Amjad Amini, foi detido temporariamente pelas forças de segurança do Irã na manhã deste sábado (16.set), na cidade de Saqez, no Curdistão. A ação aconteceu no dia em que a morte de Mahsa, que foi presa pela Polícia da Moralidade por usar o hijab - véu obrigatório no país - incorretamente, completa um ano.
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Segundo a Iran Human Rights (IHR), Amjad foi liberado após passar horas com os agentes de segurança, que proibiram tanto ele como a família de participar de qualquer cerimônia envolvendo a morte de Mahsa. As estradas para o cemitério de Aichi, onde a jovem foi enterrada, foram bloqueadas pelo governo, que teme uma nova onda de protestos.
Isso porque, na última semana, grupos de direitos humanos e moradores estavam planejando se reunir no túmulo de Mahsa e realizar uma nova manifestação. Todos seguem exigindo esclarecimentos sobre o caso, uma vez que a jovem morreu três dias após ter sido detida pela polícia. Apesar do governo afirmar que o óbito foi causado por "hipóxia cerebral", a família acredita que ela foi torturada.
O caso provocou uma revolta na população, sobretudo nas mulheres, que também pressionaram o governo para que o uso obrigatório do hijab fosse suspenso no país. Os protestos duraram cerca de quatro meses e resultaram na prisão de milhares de pessoas. Dois jovens que participaram dos atos, acusados de "travar guerra contra Deus", foram executados.
Mesmo com a mobilização da população, o governo iraniano não cedeu e, neste ano, reforçou a obrigatoriedade do uso do hijab, ameaçando processar "sem piedade" as mulheres que forem flagradas sem o véu em público. A decisão foi criticada pela Anistia Internacional do Irã, que acusou o governo de continuar atacando os direitos femininos e matando inocentes.
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"Em vez de abolir as leis discriminatórias de uso obrigatório do véu, as autoridades iranianas realizaram um ataque total aos direitos das mulheres, mataram ilegalmente centenas e torturaram milhares", disse a entidade.