Salman Rushdie aparece em público pela primeira vez após atentado
Escritor foi esfaqueado em agosto de 2022, durante um evento literário, e perdeu a visão do olho direito
O escritor britânico Salman Rushdie fez sua primeira aparição pública desde que foi esfaqueado em um atentado, em agosto de 2022. Na noite desta 5ª feira (18.mai), ele foi homenageado no evento de gala da PEN America, organização de defesa da liberdade de expressão.
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O autor de Os Filhos da Meia-Noite chegou ao evento, que acontecia no Museu Americano de História Natural, sem ser anunciado previamente. Ele recebeu da organização, que luta em defesa dos direitos humanos e da literatura, um prêmio honorário por sua coragem.
Com um óculos que tinha lentes escuras somente no lado direito -- para proteger o olho atingido no ataque -- Rushdie, de 75 anos, subiu ao palco e discursou para cerca de 700 pessoas.
"O terrorismo não deve nos aterrorizar. A violência não deve nos deter. A luta continua", disse ele em francês, espanhol e em inglês.
Rushdie, que já foi presidente da PEN America, disse que estava aceitando o prêmio em nome dos "heróis" que enfrentaram seu agressor, o americano de origem libanesa Hadi Matar. "Se não fosse por essas pessoas, eu certamente não estaria aqui hoje. Eu era o alvo naquele dia, mas eles eram os heróis. A coragem, naquele dia, foi toda deles. Devo minha vida a eles", afirmou.
Ataque
Salman Rushdie perdeu a visão do olho direito e os movimentos de uma das mãos após ser esfaqueado na cidade de Nova York, onde daria uma palestra em um evento literário, em 12 de agosto de 2022.
O americano de origem libanesa, Hadi Matar, de 24 anos, foi apontado como o autor das facadas contra o escritor. O homem, que invadiu o palco e na sequência golpeou Rushdie, foi preso no local em que o evento seria realizado.
Em 1989, um decreto emitido pelo aiatolá Ruhollah Khomeini, do Irã, pedia a morte de Salman Rushdie. O motivo era a publicação do romance Os Versos Satânicos, inspirado na vida do profeta islâmico Maomé e que foi classificado como uma "blasfêmia" por parte da comunidade muçulmana. A ação do governo iraniano foi revista. No entanto, as ameaças a Rushdie, que passou anos escondido, continuaram.
Em declaração dada dias após o ataque, o governo iraniano, por meio de Nasser Kanaani, porta-voz do ministério das Relações Exteriores, negou relação com o atentado.
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