Ultradireita vence eleição para Constituinte no Chile
Com 22 cadeiras, Partido Republicano terá maioria no conselho responsável por redigir a nova Constituição do país
A ultradireita do Chile venceu com ampla margem a eleição do conselho que discutirá a nova Constituição do Chile. O país foi às urnas neste domingo (7.mai) depois de rejeitar, em setembro, uma primeira versão do texto -- feita por uma Assembleia que daquela vez era dominada pela esquerda.
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Com 99% das urnas apuradas, o Partido Republicano, que sempre foi contrário à mudança constitucional, venceu o pleito com 35% dos votos e 22 cadeiras no Conselho Constitucional, anunciou o Serviço Eleitoral (Servel). O resultado dos conservadores fica ainda maior quando somados os votos obtidos pela direita tradicional, 21%, o que garantiu 11 conselheiros.
A coalizão de esquerda do presidente Gabriel Boric recebeu 29% dos votos e conseguiu a eleição de 11 representantes.
Após a rejeição de um primeiro texto em setembro, que era defendido pelo governo e seus aliados, os chilenos optaram desta vez pelas forças conservadora, em uma nova tentativa de renovar as bases constitucionais depois dos violentos distúrbios sociais de 2019, que evidenciaram uma sociedade desigual e fraturada.
O conselho eleito no domingo receberá, para sua revisão e ajustes, um projeto previamente elaborado por especialistas com 12 princípios essenciais que não poderão ser modificados, como por exemplo, o que consagra o Chile como uma economia de mercado com participação estatal e privada.
O conselho constituinte, que iniciará as sessões em junho, deve entregar o projeto de Carta Magna para ser submetido a um plebiscito de ratificação em 17 de dezembro.
Constituição herdada da ditadura de Augusto Pinochet (1973 - 1990)
Em meio à crescente preocupação com a insegurança, o Chile busca há dois anos substituir a Constituição herdada da ditadura e que recebeu diversas emendas ao longo dos anos, a mais importante delas em 2005.
"Voltamos a ter a oportunidade de construir, com diálogo e encontro, uma nova Carta Magna", disse o presidente Boric em um discurso no palácio de La Moneda após a divulgação dos resultados.
Boric pediu aos constituintes eleitos que atuem com "com sabedoria e temperança". Também pediu que evitem cometer os mesmos erros que provocaram o fracasso da primeira tentativa de mudança constitucional, com uma Assembleia que daquela vez era dominada pela esquerda.
"O processo anterior fracassou, entre outras coisas, porque não soubemos ouvir uns aos outros entre os que pensavam diferente", disse o chefe de Estado, que pediu a construção de um novo processo sem "vinganças".
O projeto da nova Constituição foi rejeitado por 62% dos votos em um referendo no dia 4 de setembro do ano passado.
Mais de 15,1 milhões de chilenos estavam registrados para comparecer às urnas no domingo e eleger, entre 350 aspirantes, os integrantes do Conselho Constitucional. A campanha foi marcada por uma grande apatia, mas a votação registrou 80% de taxa de participação.