Documentos classificados são provas de resiliência para presidente dos EUA
Arquivos encontrados em propriedades particulares de Biden jogam luz em um tema que também envolve Trump
Washington DC -- Duas semanas que valem, em intensidade e volume de acontecimentos, por dois meses. O ano de dois mil e vinte e três começou com uma desavença no Congresso entre Republicanos durante a votação do líder e ao fim desta segunda semana o foco são os documentos classificados encontrados em propriedades privadas do presidente americano. A Procuradoria Geral investiga as pastas e Joe Biden vive uma prova de fogo no meio do mandato.
A jornada na Câmara dos Representantes
Foram quinze rodadas de votações até que Kevin McCarthy conseguiu ser eleito na madrugada do sábado, 7 de janeiro. O dia que começou com homenagens aos que defenderam o Capitólio há dois anos, terminou com um bate boca no plenário, em plena sexta à noite.
Na madrugada em que a novela do líder da Câmara dos Representantes teve fim, jornalistas fotografaram o envio dos espumantes enviados ao escritório no novo 'Speaker' para a celebração. McCarthy posou para fotos visivelmente feliz em frente à placa com seu nome na entrada do novo gabinete e ligou para Trump para agradecer, segundo ele, a intervenção para a conquista dos 218 votos necessários.
Não caiu bem... McCarthy agradecer Trump no marco dos dois anos do ataque do dia de 6 janeiro não foi visto com bons olhos pelos Democratas e por quem entende que o ex-presidente ainda tem contas a prestar sobre o ocorrido naquele dia. Jogo que segue.
No domingo, McCarthy foi ao Congresso mostrar o novo gabinete a familiares e quando questionado por uma jornalista sobre sua expectativa para a nova função dada a falta de consenso no partido Republicano demonstrada nos últimos dias, ele simplesmente respondeu: "Hoje é meu dia de folga, me dá um tempo".
McCarthy x Biden
A ideia e o propósito são o trabalho conjunto, mas os acontecimentos dos últimos dias na capital Washington dão a entender que a relação entre a Casa Branca e a parte Republicana da Câmara não será tão fácil a partir de agora.
Em uma semana a frente do cargo, o líder Republicano McCarthy criticou publicamente o presidente por sua visita à fronteira com o México o acusando de ineficiência para o controle da migração ilegal, declarou que não quer saber de aperto de mãos com a China e jogou lenha na mais recente fogueira acesa por aqui: os documentos classificados encontrados em propriedades privadas de Joe Biden.
O presidente americano afirma que não sabia da existência das pastas encontradas por seu próprio advogado, que informou tanto os Arquivos Nacionais quanto o Departamento de Justiça e que está colaborando da melhor forma porque sabe da importância do assunto.
Apesar das diferenças envolvendo os casos da apropriação de documentos por Trump e Biden, os Republicanos esperam que a notícia beneficie o partido para as eleições de 2024. Falta muito, mas as peças se movem com o olhar para daqui dois anos.
Os documentos classificados e as diferenças dos casos de Trump e Biden
Quando encerrou o mandato de vice-presidente americano, em janeiro de 2017, Joe Biden teve muito para embalar e levar para casa. As dúvidas agora são: quem empacotou, quem guardou, o que foi levado dos edifícios oficiais e por qual motivo. A lei norte-americana é clara: qualquer documentação pertencente a uma administração deve ser direcionada imediatamente aos Arquivos Nacionais. As informações secretas pertencem ao país. Algumas diferenças entre os casos de Biden e Trump em relação à posse desses documentos devem ser notadas.
Donald Trump levou para a mansão de Mar-a-Lago cerca de 300 documentos classificados que foram encontrados por busca e apreensão do FBI após denúncia. O Republicano questiona a investigação do Departamento de Justiça e chegou a pedir, em uma petição de defesa, para continuar com parte da documentação.
Biden teve os primeiros documentos encontrados pelo próprio advogado que, segundo ele, fazia uma organização no escritório. O profissional comunicou os Arquivos Nacionais e a partir daí novas buscas aconteceram nas propriedades do presidente americano. O Democrata colabora com a investigação mas fato é que o caso traz peso negativo para quem já afirmou ter interesse em concorrer à reeleição.
Democratas e Republicanos sobre o ataque às instituições democráticas no Brasil
Chamou a atenção na última semana a carta assinada por quarenta e seis deputados democratas e enviada ao presidente Joe Biden. O documento pede que o governo americano não permita a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro nos Estados Unidos.
O texto ainda requisita que o governo federal revise o visto diplomático concedido ao ex-presidente brasileiro e estimule instituições como o FBI a investigar a participação de pessoas presentes em solo americano no ataque à Brasília no último dia 8 de Janeiro. Chamou igual atenção o silêncio do líder Republicano na Câmara americana sobre o assunto.
Nova embaixadora americana no Brasil
Na última segunda-feira, dia 9, Elizabeth Bagley prestou juramento frente à vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris. Segundo o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, Bagley deve assumir o posto em Brasília em alguns dias.
Questionado pelo SBT sobre qual será a missão da nova embaixadora, Price respondeu: "O principal objetivo para qualquer embaixador, qualquer embaixada americana em qualquer lugar do mundo é primeiro promover liderança segura ao time e temos obviamente uma equipe grande no Brasil em relação ao número de instalações mas também o segundo objetivo que é executar a visão do presidente e dos Secretários para aquela relação bilateral".
"Temos uma relação bilateral ampla com o Brasil, é um momento crucial em termos de relações entre Estados Unidos e Brasil com o novo governo. Este governo está ansioso para trabalhar com o presidente Lula e sua equipe", disse Ned Price.