COP27: Lula adotou o tom de mudança que a comunidade internacional queria
Ex-embaixador Rubens Barbosa, diz que discurso atrai investimentos e resgata protagonismo do Brasil
O ex-embaixador do Brasil em Londres e Washington, Rubens Barbosa, afirmou nesta 4ª feira (16.nov) que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou o que a comunidade internacional queria e precisava ouvir, ao discursar na COP 27, no Egito. Disse que Lula adotou o tom de mudança esperado na Cúpula do Clima e, em discurso afirmativo, o petista faz com que o país volte a ser um dos líderes protagonistas da agenda internacional.
"Eu acho que ele deu vários recados, fez cobranças, fez propostas, um discurso que recolocou a política externa do Brasil no caminho correto", avaliou. Dentre as principais sugestões de Lula, Barbosa listou: o pedido para a realização da COP 30 no Brasil em 2025; a criação de um grupo sul-americano de mudança de clima e novos órgãos de defesa do meio ambiente.
"Ele prometeu recriar os órgãos controladores ds preservaçao da floresta, medidas fortes para coibir os ilícitos da Amazônia, isso que vai permitir que o Brasil alcance e cumpra as metas que foram adiantadas na última reunião da COP, que tratou das metas do Acordo de Paris, das reduções de gás carbônico. Isso já é compromisso do Brasil e ele apenas adiantou como pretende fazer para viabilizar", frisou o ex-embaixador.
As declarações de Rubens Barbosa foram dadas em entrevista exclusiva à jornalista Roseann Kennedy, no programa Poder Expresso, do SBT News. Barbosa, que preside o Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice), repercutiu ponto a ponto do discurso de Lula, que falou mais cedo, nesta 4ª (16.nov) na Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas, realizada no Egito.
Centro da política externa
Sobre o convite ao presidente eleito, antes mesmo de sua posse, o que não é comum na Conferência, Barbosa destacou que Lula conquistou espaço e conseguiu recuperar a imagem do país na comunidade internacional. "Com esse pronunciamento, ele colocou o meio ambiente no Centro da política externa, isso é muito importante porque isso vai fazer com que a credibilidade do país, a imagem do país fora se reverta rapidamente", acredita.
Para Rubens Barbosa a fala de Lula deve favorecer investimentos e apoio financeiro ao Brasil.
O ex-embaixador destacou que, apesar da escassez de fundos internacionais, devido às dificuldades enfrentadas como a guerra da Rússia-Ucrânia, Lula acertou ao cobrar recursos dos países desenvolvidos para ajudar os países em desenvolvimento como Brasil, Indonésia e países da África. "Foi importante essa cobrança do presidente também e o Brasil agora vai passar a ser de novo um dos líderes e um dos protagonistas nestas discussões ambientais".
COP no Brasil
O ex-embaixador também elogiou a atuação de Lula, que no discurso disse que pedirá à Organização das Nações Unidas (ONU) para a Amazônia sediar a Conferência do Clima (COP) em 2025. "Nós vamos falar com o secretário-geral da ONU [António Guterres] e vamos pedir para que a COP de 2025 seja feita no Brasil e, no Brasil, seja feita na Amazônia", afirmou Lula.
"Isso é muito simbólico. No começo do governo atual a COP seria realizada aqui e o Brasil cancelou a reunião. Então aqui, também, o presidente eleito marca uma posição diferente do governo atual. E é um oferecimento simbólico porque, como a Amazônia está no foco das preocupações globais sobre a mudança do clima, oferecer a realização na Amazônia é um gesto muito forte e poderoso e acho que vai ser aceito pelas Nações Unidas", avaliou o ex-embaixador.
Barbosa ainda considerou que colocar o enfrentamento à fome em pauta no discurso no Egito, foi uma medida acertada de Lula, uma vez que o impacto alimentar sobre as populações em virtude das mudanças climáticas tem impacto direto no tema.
Conselho de Segurança da ONU
Para Barbosa, o discurso de Lula, inclusive, dá mais força para o país assumir uma cadeira permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, se ocorrer a reforma no órgão desejada pelo futuro mandatário e por países como os Estados Unidos.
"Ele [Lula] mencionou a questão da governança global, eu achei importante isso porque ele fez uma crítica ao sistema de governança global especificamente nas Nações Unidas com a questão do Conselho de Segurança e a necessidade de modernizar o Conselho, que ainda está baseado na estrutura de poder do depois da guerra", avaliou.
Confira a entrevista completa ao Poder Expresso:
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