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Junta militar de Mianmar executa quatro ativistas pró-democracia

Entre os executados estava Phyo Zeya Thaw, ex-deputado do partido da ex-líder Aung San Suu Kyi

Mianmar realizou suas primeiras execuções em quase 50 anos, enforcando um ex-parlamentar da Liga Nacional para a Democracia, um ativista pró-democracia e dois homens acusados de assassinato após a tomada do país pelos militares no ano passado.

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Anunciadas nesta 2ª feira (25.jul), as execuções foram realizadas apesar dos pedidos mundiais de clemência para os quatro presos políticos, inclusive de especialistas das Nações Unidas e do Camboja, que detém a presidência rotativa da Associação das Nações do Sudeste Asiático. Os quatro foram executados "de acordo com os procedimentos legais" por dirigir e organizar "atos violentos e desumanos cúmplices de assassinatos terroristas", informou a junta militar, que não informou quando as execuções ocorreram. 

O governo militar emitiu uma breve declaração sobre as execuções, enquanto a prisão onde os homens estavam detidos e o departamento penitenciário se recusaram a comentar.

Aung Myo Min, ministro de direitos humanos do Governo de Unidade Nacional, uma administração civil paralela estabelecida fora de Mianmar depois que os militares tomaram o poder em fevereiro de 2021, rejeitou as alegações de que os homens estavam envolvidos em violência.

"Puni-los com a morte é uma maneira de governar o público através do medo", disse ele à agência de notícia Associated Press.

Entre os executados estava Phyo Zeya Thaw, ex-parlamentar do partido da líder deposta Aung San Suu Kyi, também conhecido como Maung Kyaw, que foi condenado em janeiro por um tribunal militar fechado por crimes envolvendo explosivos, bombardeios e financiamento do terrorismo.

Também foi executado Kyaw Min Yu, um ativista pró-democracia de 53 anos mais conhecido como Ko Jimmy, por violar a lei antiterrorismo. Kyaw Min Yu foi um dos líderes do Grupo de Estudantes da 88ª Geração, veteranos de uma revolta popular fracassada de 1988 contra o regime militar.

Ele já havia passado mais de 6 anos na prisão por ativismo político antes de ser detido em Yangon -- maior cidade de Mianmar -- em outubro passado. Ele foi colocado em uma lista de procurados por postagens nas redes sociais que supostamente incitaram distúrbios, e a mídia estatal disse que ele foi acusado de atos terroristas, incluindo ataques a minas e de liderar um grupo chamado Moon Light Operation para realizar ataques de guerrilha urbana.

Os outros dois homens, Hla Myo Aung e Aung Thura Zaw, foram condenados por torturar e matar uma mulher em março de 2021 que eles acreditavam ser uma informante militar.

Elaine Pearson, diretora interina da Human Rights Watch para a Ásia, disse que os procedimentos legais contra os quatro foram "julgamentos militares extremamente injustos e politicamente motivados".

"A barbaridade da junta e o desrespeito insensível pela vida humana visam esfriar o movimento de protesto antigolpe", disse ela após o anúncio das execuções.

Thomas Andrews, um especialista independente em direitos humanos indicado pela ONU que condenou a decisão de prosseguir com as execuções quando elas foram anunciadas em junho , pediu uma forte resposta internacional.  "Esses indivíduos foram julgados, condenados e sentenciados por um tribunal militar sem direito de apelação e supostamente sem advogado, em violação da lei internacional de direitos humanos.", disse ele em um comunicado.

O Ministério das Relações Exteriores de Mianmar rejeitou a onda de críticas que se seguiu ao seu anúncio em junho, declarando que o sistema judicial de Mianmar é justo.

* Com informações da Associated Press

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