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Como ator global, Brasil deve conversar com todos, diz chanceler, em NY

Ao SBT News, após presidir sessão no Conselho de Segurança da ONU, Carlos França falou sobre bilaterais com Lavrov e Blinken na cúpula ministerial do G20

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Nova York -- Foi a primeira reunião do Conselho de Segurança sobre comunicação estratégica nas missões de paz. Presidida pelo chanceler brasileiro Carlos Alberto França, a reunião do grupo teve a participação do Secretário Geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, que falou sobre a necessidade de aumentar a segurança dos enviados da ONU nos países onde os chamados "capacetes azuis" atuam. "Há grupos armados, terroristas e criminosos nos países vulneráveis que recebem nossas equipes", disse Guterres ao falar sobre a necessidade do debate sobre incrementar a comunicação nestas missões. 

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Em entrevista ao SBT News, em Nova York, logo depois de abrir a sessão na sede das Nações Unidas, o ministro de Relações Exteriores do Brasil lembrou da missão de paz no Congo e citou conversas incluindo os Estados Unidos sobre o possível envio de tropas policiais para o Haiti. França também comentou os encontros recentes na Indonésia durante a cúpula ministerial do G20. Questionado se a bilateral com o ministro de Relações Exteriores russo criou uma saia justa ou uma certa indisposição mesmo que velada entre os americanos, França disse que não. "De forma alguma. O G20 ele focou em dois pilares claros: fortalecimento e multilateralismo de um lado, segurança alimentar e energética de outro. Todos os países enviaram os seus chanceleres, acho que a chanceler britânica, por conta da caída do premiê Boris Johnson, precisou voltar antes do tempo, ela não perticipou das reuniões, mas houve um debate muito aberto, muito franco onde, com muita clareza, cada lado expôs sua opinião. Esse fórum serve justamente pra isso, para que a diplomacia funcione. Para que possamos pegar opiniões divergentes e criar um espaço de convergência. Para isso serve a diplomacia."

Carlos França afirmou que o tema Ucrânia não foi tratado na bilateral com o secretário de Estado Antony Blinken na Indonésia. Segundo ele, o foco foi um convite para que o Brasil participe de uma discussão da reorganização das cadeias globais de valores. "Nós conversamos com ele sobre o convite que ele fez para participarmos nos dias 19 e 20, que será virtual -- porque estarei em Assunção, no Paraguai, para a Cúpula do Mercosul -- para a integração das cadeias globais de valor", disse. Para o chanceler, a pandemia e o conflito na Ucrânia trouxeram à tona a questão das cadeias globais de fornecimento fazendo com que a a América do Sul se torne um local de oportunidade para o fornecimento de produtos como microcomponentes de energia limpa para os mercados americano e europeu. 

Questionado se o engajamento diplomático entre Brasil e Estados Unidos mudou ou melhorou depois da presença de Jair Bolsonaro (PL) na Cúpula das Américas, o chanceler respondeu: "A relação com os Estados Unidos é histórica, comungamos dos mesmos valores (...) Nesse sentido, a parceria com os Estados Unidos é uma parceria natural e fluida. Do ponto de vista comercial é uma relação que faz muito sentido. É uma relação forte. Claro que o encontro do presidente Biden com Bolsonaro adicionou um ingrediente a mais porque se tratava de um encontro dos dois líderes".

Ainda sobre a bilateral com Sergei Lavrov, na Indonésia, França disse: "Por que encontrar Lavrov? Fazemos parte do Brics". O chanceler afirma que o Brasil é um ator global das relações internacionais e deve ter relações com todos. Sobre a compra do diesel vindo da Rússia, afirmou: "Qual a obrigação do governo brasileiro no enfrentamento das questões internacionais? Impedir que esses conflitos na medida do possível afetem a vida, o bolso do brasileiro. Neste sentido, o Itamaraty se engajou com o Ministério de Minas e Energia para garantir fornecimento de combustível, no caso diesel, para o mercado brasileiro. No caso do agronegócio, caminhões".

Reunião com embaixadores 

Carlos França confirmou que o Itamaraty foi acionado para que embaixadores sejam convidados em breve para uma conversa informal, segundo ele, com o presidente brasileiro. O foco são as eleições de outubro e as urnas eletrônicas. Jair Bolsonaro, na semana passada, confirmou que faria o pedido para rebater com os diplomatas estrangeiros afirmações feitas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin que promoveu um seminário sobe "as acusações levianas contra o sistema eleitoral brasileiro". Sobre a contraproposta do Planalto com intermediação do Itamaraty para conversa com os embaixadores, Carlos França afirmou que é preciso diálogo e que não vê o fato como uma afronta ao sistema eleitoral já existente.

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