Após revés sobre aborto, grávida diz que feto é passageiro para não ser multada
Americana estava em faixa exclusiva para carros com passageiros no Texas e argumentou que leis atuais definem nascituro como ser humano vivo
Quando um policial parou Brandy Bottone por dirigir sozinha em uma faixa destinada a veículos com passageiros no Texas, a mulher, grávida de oito meses, apontou para a barriga e afirmou "há duas pessoas aqui". A situação ocorreu poucos dias após a Suprema Corte dos Estados Unidos derrubar Roe versus Wade, retirando o direito constitucional das mulheres ao aborto, deixando para que cada estado do país crie suas próprias leis.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
+ Suprema Corte dos EUA derruba decisão que garante direito ao aborto
No estado onde Bottone mora, a queda de Roe colocou em ação uma lei que proíbe todo tipo de aborto e define um nascituro como um ser humano vivo desde a fertilização até o nascimento, argumento utilizado por ela para tentar se livrar de uma multa de US$ 215. Bottone, que mora no subúrbio de Plano, em Dallas, planeja lutar contra a multa no tribunal na próxima semana. Sua história foi relatada pela primeira vez pelo The Dallas Morning News.
"Eu estava dirigindo para pegar meu filho. Eu sabia que não poderia me atrasar um minuto, então peguei a pista de Veículos em Alta Ocupação (HOV)", disse ela. Ainda de acordo com o relato, um dos policiais afirmou que deveriam haver duas pessoas em corpos distintos no veículo. Argumento no qual Brandy afirma ter replicado que, de acordo com as políticas atuais, havia sim duas pessoas no automóvel.
Ela explica que não está sumindo uma posição contra ou a favor do aborto, mas que a lei deve ser uniforme. "Se há uma categoria pró-mulher, essa é a minha posição", disse ela. No Texas, ainda que o código penal reconheça um feto como pessoa, o Códito de Trânsito do Estado não reconhece.
"Uma lei está dizendo que isso é um bebê e agora ele está me dizendo que esse bebê que está cutucando minhas costelas não é um bebê", comenta Bottone, 32. "Por que tudo isso não faz sentido?"
* Com informações da Associated Press
LEIA TAMBÉM
+ Aborto no Brasil: entenda em quais casos o procedimento é permitido