Quem foi Shinzo Abe, ex-primeiro-ministro do Japão morto em atentado

O ex-primeiro-ministro japônes Shinzo Abe, morto nesta 6ªfeira (8.jul), aos 67 anos, ficou conhecido por recuperar a economia do país, liderar os esforços para que o Japão assumisse um papel mais forte na Ásia e por se opor a crescente influência da China.

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De família política rica, Abe foi o primeiro-ministro mais longevo do Japão, ultrapassando o recorde do seu tio-avô, Eisaku Sato, que serviu de 1964 a 1972. Em 2006, aos 52 anos, Abe tornou-se o primeiro-ministro mais jovem do Japão, mas seu primeiro período excessivamente nacionalista terminou abruptamente um ano depois, carregado de escândalos.

Quando voltou ao cargo em 2012, Abe prometeu revitalizar o país e tirar sua economia de sua estagnação deflacionária com sua fórmula "Abenomics", que combinou estímulo fiscal, flexibilização monetária e reformas estruturais. Ultranacionalista, ele tinha como prioridade -- não alcançada -- revisar a Constituição pacifista do Japão, adotada durante a ocupação americana do pós-guerra. Uma constituição que renuncia ao uso da força em conflitos internacionais e limita as forças armadas do Japão à autodefesa, embora o país tenha um exército, marinha e força aérea modernos e bem equipados que trabalham em estreita colaboração com os Estados Unidos, o principal aliado do Japão.

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Para Abe, também, a carta de 1947 era um símbolo do que ele via como o legado injusto da derrota do Japão na guerra e uma imposição da ordem mundial dos vencedores e dos valores ocidentais. O ex-primeiro-ministro acreditava que o Japão recebeu um veredicto injusto da história por seu passado brutal e intensificou a educação patriótica nas escolas por acreditar que as gerações futuras não deveriam se desculpas pelos erros do país durante a Segunda Guerra.

Em seu governo, Abe também aumentou os gastos com defesa. Foi elogiado em Washington por sua pressão por um relacionamento mais forte entre os EUA e o Japão, que ele viu como um meio de reforçar a capacidade de defesa do Japão, que abriga 50.000 soldados dos EUA como baluarte na região em meio a tensões com a China e a Coreia do Norte. Ele também conduziu a primeira visita de um presidente americano em exercício à cidade de Hiroshima, bombardeada com bombas atômicas e ajudou Tóquio a ganhar o direito de sediar as Olimpíadas de 2020.

Ele venceu seis eleições nacionais e construiu um controle sólido do poder. Abe deixou o cargo como o primeiro-ministro em 2020 por motivos de saúde, mas na época sua gestão já sofria críticas pela gestão da pandemia, além da prisão de seu ex-ministro da Justiça. Ele saiu do cargo sem presidir os Jogos Olímpicos, adiados para 2021 por conta do coronavírus. 

À época, ele disse aos repórteres que era "doloroso" deixar muitos de seus objetivos não alcançados. Além do fracasso na revisão constitucional, também não conseguiu resolver vários outros legados inacabados da guerra, incluindo normalizar os laços com a Coreia do Norte, resolver disputas insulares com vizinhos e assinar um tratado de paz com a Rússia encerrando formalmente suas hostilidades na Segunda Guerra Mundial. 

O ex-primeiro ministro foi uma grande influência nas políticas do atual primeiro-ministro Fumio Kishida, pressionando pelo reforço da capacidade militar, incluindo uma capacidade de ataque preventivo.

Shinzo Abe morreu após ser baleado em um ato de campanha eleitoral em Nara, no Oeste do país.

* Com informações da Associated Press