Juneteenth: EUA celebra feriado que marca fim da escravidão
Apesar de comemorado há anos pela comunidade negra, 2022 é apenas o segundo como data oficial e nacional
Pelo segundo ano como feriado nacional, os Estados Unidos celebram no domingo (16.jun) o Juneteenth. A data é relacionada a 19 de junho de 1865: naquele dia foram libertados os últimos negros do país, no Texas, marcando o fim da escravidão no território norte-americano.
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O dia já era celebrado todos os anos por várias comunidades afro-americanas, mas tornou-se oficialmente e reconhecido como um feriado nacional apenas em 2021. O presidente Joe Biden assinou um projeto de lei aprovado pelo Congresso.
A aprovação foi unânime no Senado. Na Câmara, porém, o passado sombrio ainda ecoou: 14 deputados do Partido Republicano opuseram-se à criação da data. Esses parlamentares, em maioria, eram de estados escravagistas integrantes da antiga Confederação ao sul do país, derrotados em guerra por estados do norte, favoráveis à abolição.
O fim da escravidão foi decretado em 1863 pelo então presidente Abraham Lincoln. Porém, a notícia demorou dois anos para chegar em todos os estados e em Galveston, no Texas, naquele 19 de junho de 1865. O nome "Juneteenth" deriva das palavras june (junho, em inglês) e XIX (nineteenth, referência ao século dezenove, época dos acontecimentos).
George Floyd e Black Lives Matter
No ano seguinte à libertação dos últimos negros no Texas, a comunidade afro-americana passou a comemorar a data com reuniões e encontros, tomando boa parte do país. A emancipação almejada, porém, não ocorreu: vários estados aplicaram políticas segregacionistas nas décadas seguintes, retirando direitos básicos de negros e negras norte-americanos.
Foi preciso a morte para que a data ganhasse impulso para ser oficializada como feriado. O assassinato de George Floyd, asfixiado pelo joelho de policial branco em 2020, gerou uma onda de protestos contra o racismo em todo o mundo, sobretudo com o movimento Black Lives Matter. No ano seguinte, o feriado nacional foi aprovado. Apesar dos milhares de quilômetros que separam Brasil e Estados Unidos, a história mostra muito mais semelhanças que diferenças.
Para saber mais sobre o período escravagista norte-americano, os livros "As Almas do Povo Negro", de W. E. B. Du Bois; e "Autobiografia de um escravo", escrita por Frederick Douglass destrincham o panorama de tempos de luta e de crimes contra a humanidade. O primeiro, nascido três anos depois do fim da escravidão. O segundo, nascido escravo. Os dois, lutadores pelos direitos de negros e negras nos Estados Unidos.
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