Em Cabul, afegãos relatam ao SBT como foi o dia seguinte aos ataques
Apesar das explosões que mataram centenas de afegãos, a 6ª feira reuniu um grande número de pessoas nas ruas
Quem estava na área externa do aeroporto de Cabul no dia dos atentados, em 26 de agosto, e sobreviveu voltou para casa traumatizado. Um afegão contatado por uma jornalista de Cabul que chegou há pouco tempo nos Estados Unidos relatou que entrou em casa com poeira no corpo proveniente dos estilhaços. Um dia depois das explosões que deixaram dezenas de mortos na capital afegã, outro jornalista de Cabul mostrou com exclusividade ao SBT como foi o dia em uma região central da cidade após os atentados. Por questões de segurança sua identidade não será revelada. No Afeganistão, profissonais da mídia locais relatam risco de retaliação. No vídeo, o repórter em Cabul conta que, tradicionalmente, a 6ª feira é dia de folga no Afeganistão. Apesar do medo, as ruas da capital estiveram cheias.
Enquanto no entorno do aeroporto internacional um grande número de pessoas ainda aguardava, do lado de fora, uma chance de sair do país, em outra parte da cidade, não longe dali, moradores saíram para jogar cricket, esporte popular no país. "É uma forma de manter a saúde mental.", disse Choái. Questionado sobre como a volta do Talibã ao poder mudou a vida dos afegãos, ele contou que, antes, em muitas províncias, chegavam notícias de assassinatos. Agora, ele não recebe mais essas notícias, mas o medo e o pânico estão presentes.
Refugiados
Em Nova York, o vice-presidente da Associação dos Afegãos Americanos, Bektosh Ayoob, estima que cerca de 8.600 refugiados serão levados para Nova Jersey. A entidade deve ajudar com tradutores, doações e advogados que poderão trabalhar gratuitamente.
Ao ser perguntado sobre como os brasileiros podem ajudar, Ayoob responde que o país tem uma boa posição no Conselho de Segurança da ONU e que é importante trazer o tema à comunidade internacional. Ele acredita que o Talibã precisa governar de acordo com as regras internacionais antes de ser reconhecido por outras nações (O Brasil foi eleito para um assento não permanente em Junho para o biênio 2022 - 2023). Para a população brasileira, Ayoob diz que um caminho é a busca de organizações não governamentais internacionais idôneas que apoiam afegãos refugiados. Ele alerta para a checagem de eventuais campanhas falsas para arrecadação de fundos e enfatiza que a ajuda verdadeira é necessária pois muitos refugiados, incluindo crianças, chegaram aos Estados Unidos sem percentes ou até sapatos. Filho de um diplomata, Ayoob nasceu nos Estados Unidos e os pais chegaram no país na década de 90. Ele agradeceu a reportagem e a oportunidade de falar com o público brasileiro sobre a importância do tema e do apoio às centenas de milhares de pessoas que chegam a diferentes países vindas do Afeganistão.
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