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Governos estariam usando Pegasus para monitorar opositores, diz jornal

Lista com mais de 50 mil supostos alvos teria números de ativistas, jornalistas e até religiosos

Jornalistas, ativistas e advogados de todo mundo estariam sendo vigiados por governos autoritários por meio do software Pegasus, desenvolvido pela empresa de vigilância israelense NSO Group para monitorar criminosos e terroristas. É o que aponta uma investigação conduzida pelo jornal britânico The Guardian, em parceria com outras 16 organizações de mídia.

Segundo a publicação, a Forbidden Stories -- uma organização de mídia sem fins lucrativos com sede em Paris -- e a Anistia Internacional tiveram acesso a uma lista com 50 mil números de telefones que foram identificados como sendo de pessoas de interesse de clientes da NSO. 

Entre as pessoas que estariam na lista, constam executivos de negócios, figuras religiosas, acadêmicos, funcionários de ONGs, dirigentes sindicais e funcionários de governos. Também aparecem cerca de 180 jornalistas, incluindo repórteres, editores e executivos do Financial Times, CNN, New York Times, France 24, The Economist, Associated Press e Reuters. O Guardian informou que pretende revelar os nomes nos próximos dias.

Embora a presença do número na lista não confirme se o celular foi infectado pelo Pegasus, o consórcio de jornais acredita que ela indica potenciais alvos do software.

A NSO tem contratos apenas com militares, policiais e agências de inteligência de 40 países. Embora não revele seus clientes, a análise do consórcio aponta que entre eles estariam os governos de Azerbaijão, Bahrein, Cazaquistão, México, Marrocos, Ruanda, Arábia Saudita, Hungria, Índia e Emirados Árabes Unidos. Procurados pelo jornal inglês, Ruanda, Marrocos, Índia e Hungria negaram ter usado o Pegasus para rastrear as pessoas que estão na lista. Os demais não responderam.

A maior parte dos números de telefone -- cerca de 15 mil -- é do México. Mas há contatos espalhados por 45 países, sendo ao menos mil em nações europeias. O telefone do repórter freelancer mexicano Cecilio Pineda Birto foi encontrado na lista semanas antes de ele ser assassinado. Seu aparelho de celular nunca foi encontrado, logo, não foi possível confirmar se ele estava ou não infectado pelo Pegasus.

O software isralense pode ser instalado em um celular de duas formas: por meio de links maliciosos ou através de vulnerabilidades em aplicativos. Neste segundo caso, nem é necessário o usuário clicar em nada para instalar o aplicativo espião. Uma vez instalado no aparelho, o Pegasus pode transmitir qualquer dado para o controlador. O software seria capaz até mesmo de ativar a câmera e o microfone, gravar chamadas e indicar as rotas que estariam sendo feitas, via GPS.

Ao Guardian, a NSO negou o que chamou de "falsas alegações", mas disse que vai "investigar as acusações de uso indevido e tomar as medidas cabíveis". Sobre a lista, a empresa afirmou que ela não poderia ser de contatos "visados por governos que usam Pegasus" e classificou o número de 50 mil como "exagerado".

Após a publicação da reportagem, o ativista Edward Snowden, que ganhou fama ao revelar um sistema de vigilância por parte da NSA -- a agência de segurança norte-americana --, disse que o vazamento era "a história do ano".

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