Pandemia teve impacto significativo na deterioração da paz mundial, diz estudo
Período resultou no aumento das tensões políticas, internas e externas, e em agitações civis
Um estudo realizado pelo Instituto de Economia e Paz (IEP), divulgado nesta 5ª feira (17.jun), revelou que a pandemia de covid-19 teve um impacto significativo nos níveis de conflito e violência no mundo, resultando em mais agitação civil e instabilidade política.
Segundo a edição da pesquisa deste ano, o índice global de paz teve uma queda de 0,07% comparado com 2020, com melhorias identificadas em 87 países e deteriorações em 73. Os autores alertaram que este é o nono levantamento, em uma série de 13 anos, em que o índice global de paz não aumenta.
"No início da pandemia covid-19, houve uma série de indicadores que melhorou, como os crimes, homicídios e instabilidade social, mas voltou a aumentar, incluindo 5.000 manifestações violentas relacionadas com a pandemia entre janeiro de 2020 e abril de 2021 por todo o mundo", afirmou o fundador e diretor do IEP, Steve Killelea.
O dado positivo é a queda da violência causada por terrorismo. No entanto, o aumento das tensões políticas, internas e externas, contribuem para aumentar a sensação de violência - seja por crises democráticas ou por protestos que terminam em violência.
De acordo com a classificação do relatório, a Europa é a região mais pacífica, liderando o ranking com Islândia (1º lugar) e Dinamarca (3º lugar). A América do Norte, por outro lado, registrou a pior deterioração regional devido à agitação civil e manifestações violentas nos Estados Unidos, relacionadas com a conjuntura política, como as eleições presidenciais e protestos anti-racismo.
O Brasil ficou na 128º posição (considerado baixo estado de paz) e registrou o maior medo da violência, onde quase 83% dos brasileiros afirmaram ter medo de ser vítima de um crime brutal. Enquanto isso, a experiência de maior violência foi na Namíbia, onde 63% da população sofreu danos graves devido à violência.
O Afeganistão é o país menos pacífico pelo quarto ano consecutivo, seguido pelo Iêmen, Síria, Sudão do Sul e Iraque. O relatório ainda identifica a Guiné Equatorial, Timor Leste e Angola como estando entre os 10 países com maior risco de registar aumento de violência nos próximos cinco anos devido ao elevado "Défice de Paz Positiva".
O estudo, denominado Global Peace Index, cobre 163 países e territórios independentes, equivalente a 99,7% da população mundial. O ranking é feito a partir de uma pontuação avaliada em indicadores que vão da criminalidade urbana ao grau de estabilidade política, além da situação econômica e os mecanismos de combate à corrupção.
