Reino Unido despacha navios de guerra para monitorar barcos franceses
Ação no Canal da Mancha pode se tornar a maior crise diplomática com a Europa depois do Brexit
Dois navios de guerra britânicos chegaram na manhã de hoje (6.mai) a Jersey, no Canal da Mancha, pra monitorar a presença de barcos franceses na região. O que acontece na pequena ilha, uma dependência autônoma do Reino Unido, pode se consolidar como a maior crise diplomática com a União Europeia depois do Brexit.
Pescadores franceses foram pegos de surpresa com as novas regras anunciadas pelo governo local, na última sexta-feira (30.abr), que invalidaram um tratado que estava em vigor havia 200 anos. A partir de agora, barcos sem a bandeira do Reino Unido e de Jersey terão um limite de dias pra operar na região.
Apesar de ser um território ultramarino britânico, Jersey fica a apenas 22 quilômetros da costa francesa e a 137 quilômetros da costa da Inglaterra. Jersey e Guernsey são as chamadas Ilhas do Canal, uma referência ao canal da Mancha, que fica entre a França e o Reino Unido.
Quase 100 barcos franceses seguiram para o porto de Santo Helério, o maior de Jersey, em um protesto que ameaça bloquear a entrada de mercadorias na Ilha. Os navios da marinha real britânica Severn e Tamar estão "monitorando a situação", segundo o comunicado do governo britânico.
Se nas águas, a situação é tensa, no meio político, a crise já chegou a uma temperatura inédita. Na última terça-feira (4.mai), o governo francês ameaçou cortar a energia da Ilha, que é fornecida pela França.
"Vou lembrar a vocês, por exemplo, do transporte de energia por cabos submarinos. Nós podemos fazer isso e mesmo que eu lamente de chegar a esse ponto, nós vamos fazer isso se precisarmos", disse a ministra de assuntos marítimos da França, Annick Girardin, em sessão no parlamento do país.
Hoje, o governador de Jersey negou que a Ilha sofrerá um bloqueio. Os barcos franceses que chegaram ao porto na última madrugada fazem, por enquanto, um protesto pacífico e já mudaram a formação pra permitir a saída de uma embarcação da Ilha. Boris Johnson foi acusado de trair os interesses dos pescadores britânicos pra chegar a um acordo com a União Europeia.
O SBT News trouxe uma reportagem sobre a disputa dos mares que travou o Brexit. Releia aqui.
Agora, segundo um porta-voz de Donwning Street, o premiê britânico exalta "seu firme apoio a Jersey". Do outro lado, a União Europeia saiu em defesa dos pescadores franceses. Em comunicado divulgado durante a madrugada, a Comissão Europeia alertou que as condições colocadas impostas pelo governo de Jersey não respeitam o acordo feito com os britânicos, em dezembro último e que, portanto, são ilegais.
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