Zara fecha acordo com homem negro acusado de furto e vai indenizá-lo
Caso aconteceu em 29 de dezembro do ano passado numa loja no Shopping da Bahia, em Salvador
A Zara, tradicional marca de roupas e acessórios, e o Shopping da Bahia fecharam um acordo extrajudicial nesta 3ª feira (26.abr) com Luiz Fernandes Júnior, homem negro acusado de furtar uma mochila em uma loja da marca no shopping, em Salvador, em 29 de dezembro do ano passado. A associação Educafro, voltada ao empoderamento e mobilidade social para a população pobre e afro-brasileira, protocolou na Justiça duas ações contra a Zara por causa do episódio, acusando esta de racismo. O acordo firmado há um dia, que prevê o pagamento de indenização a Luiz Fernandes, põe fim a uma delas - de caráter individual. A segunda, por danos morais coletivos contra a comunidade negra, prossegue.
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As informações foram confirmadas ao SBT News pelo Frei David, diretor-executivo da Educafro. De acordo com ele, o valor da indenização a ser paga não pode ser divulgado, pois isso feriria os termos do acordo, mas, na ação, o advogado da Educafro pedia R$ 1 milhão para Luiz Fernandes. O Frei David acrescenta o povo negro está "mais organizado para não deixar nenhum caso de racismo acontecer sem ter a devida punição". Ainda de acordo com ele, no entendimento da associação, "todo racismo traz um dano coletivo contra a comunidade negra". Por isso, a ação por danos morais coletivos foi protocolada.
Na ocasião em que Luiz Fernandes foi acusado do furto, um funcionário do shopping pediu para olhar a mochila do homem, que havia acabado de comprar um produto na loja Zara. Ele teve que apresentar a nota fiscal. As pessoas ao redor se revoltaram com o episódio. "Mais um caso de racismo na Zara", disse um homem ao presenciar a cena. Naquela data, o Shopping da Bahia afirmou que a atitude do segurança descumpriu regulamentos e que não compactua com atos discriminatórios, e a Zara afirmou que estava tomando todas as providências necessárias para a situação não se repetir.
Ainda em dezembro do ano passado, um gerente da Zara em Fortaleza virou réu por ter expulsado uma delegada negra da loja, alegando motivos de segurança. O caso aconteceu em setembro de 2021. As investigações da polícia revelaram ainda que funcionários usavam o código "Zara zerou" quando algumas pessoas, principalmente negras, entravam no local. A loja negou a existência de um código para discriminar clientes
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