Justiça

Médico acusado de vender órgãos de menino é condenado a 21 anos de prisão

Álvaro Ianhez é acusado de envolvimento na morte e na retirada ilegal dos órgãos de Paulo Pavesi, que tinha 10 anos

Álvaro Ianhez, um dos quatro médicos acusados pela morte e venda ilegal de órgãos do menino Paulo Veronesi Pavesi, em abril de 2000, foi condenado, nesta 3ª feira (19.abr), a 21 anos e 8 meses de prisão, em regime de fechado, por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e pelo fato de a vítima ter menos de 14 anos.

O pedido da defesa do réu, de 77 anos, para que ele pudesse recorrer em liberdade foi negado devido à "gravidade do crime", de acordo com as considerações do juiz que presidiu o júri popular, que teve início na 2ª feira (18.abr), em Belo Horizonte, Minas Gerais. Depois da leitura da sentença, o magistrado também expediu um mandato de prisão contra o médico, que está em São Paulo e participou do julgamento por videoconferência.

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Segundo a denúncia do Ministério Público do estado, Ianhez foi um dos médicos responsáveis por causar a morte do menino de 10 anos, que estava sendo atendido na Santa Casa de Misericórdia de Poços de Caldas, após sofrer um acidente enquanto brincava com os amigos. O menino foi transferido para a unidade depois de ser diagnosticado com um quadro de traumatismo craniano e, dois dias depois, teve a morte cerebral diagnosticada pelos réus.

O laudo, de acordo com o MP, teria sido forjado. "Essa foi uma das diversas irregularidades ocorridas no atendimento ao garoto, pois, como interessados no transplante de órgãos, havia vedação legal para que eles atuassem na constatação da morte do paciente", apontaram os procuradores na acusação.

Durante o julgamento, o advogado da família Pavesi, Dino Miraglia, também indicou a relação de Álvaro Ianhez com um esquema de tráfico de órgãos na região. O médico foi apontado como o chefe da quadrilha. "Ele [o réu] é o médico responsável pela retirada dos órgãos. Ele era o médico que era o diretor da Santa Casa onde se fazia o transplante de órgãos. Ele é o dono da clínica onde era feito o transplante ilegal de rim", argumentou.

Posteriormente, a investigação revelou ainda que Ianhez e os colegas trabalharam para prejudicar a recuperação da criança - prescrevendo tratamentos incompatíveis com o quadro de saúde dele -, para que os órgãos de Paulinho fossem transplantados em outros pacientes. A remoção teria, inclusive, acontecido enquanto o menino estava vivo.

A realização do procedimento antes do óbito da criança também foi mencionada pelo defensor da família. "Ele [Ianhez] estava presente desde a hora que em que ele [Paulo Pavesi] foi transferido de um hospital para outro sem a menor necessidade, e quando anestesiaram o menino para fazer retirada de órgão. Se o menino estava com morte cerebral, para que anestesiou? Anestesiou porque não tinha morte cerebral. Se não tinha morte cerebral, não podia ter transplante", acrescentou Dino Miraglia.

Outros três médicos já foram julgados no caso: dois deles, José Luiz Gomes da Silva e José Luiz Bonfitto, foram condenados a 25 anos de prisão, por homicídio duplamente qualificado; já Marcos Alexandre Pacheco da Fonseca foi absolvido pelo júri.

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