Justiça

Objetos recuperados na Boate Kiss serão usados em julgamento

Júri do caso está marcado para 1º de dezembro, quase 9 anos após a tragédia que deixou 242 mortos

Porto Alegre -- O material recolhido dos escombros da Boate Kiss -- atingida por um incêndio que deixou 242 mortos em 2013 -- será usado no julgamento do caso, marcado para 1º de dezembro. O júri deve durar cerca de duas semanas e poderá ser considerado o mais longo da história do Rio Grande do Sul.

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O que restou da casa noturna está em nove caixas e 20 sacos plásticos no depósito do Fórum de Porto Alegre. São comandas de consumo, restos da espuma usada para isolamento acústico, pulseiras da área vip e até o crachá de um dos integrantes da banda Gurizada Fandangueira, que manipulou fogos de artifício que deram início ao incêndio. Objetos que devem ajudar a dar um desfecho para o caso mais de oito anos depois.

O material vai poder ser utilizado pela defesa dos acusados e também pela acusação. Eles foram retirados por peritos dos escombros da boate. 

Por determinação da Justiça, o julgamento será realizado no auditório do Foro Central de Porto Alegre. O local, que tem capacidade para 200 pessoas, fica a 300 km de Santa Maria -- cidade em que a tragédia ocorreu. A justificativa para a transferência foi a segurança. Além disso, os jurados também poderão, assim, se manter longe do clima de consternação que tomou o município onde ficava a Boate Kiss.

A Associação de Vítimas da Boate Kiss tentou a transferência do local do julgamento, para que mais familiares pudessem ter acesso. Mas a Justiça manteve a sessão para o Foro da capital gaúcha.

"Será que eles pensam que lá eles serão absolvidos, terão seus crimes desqualificados? Fica uma grande dúvida", diz o presidente da Associação de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Flávio Silva.

Estão previstos depoimentos de 19 testemunhas, dez vítimas e dos quatro réus: Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Bonilha, integrantes da Gurizada Fandangueira; e Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, sócios da Boate Kiss. Eles são acusados de serem os responsáveis pela morte de 242 pessoas -- a maioria, estudantes universitários -- e pela tentativa de homicídio de outras 636.

Para Flávio, que perdeu a filha de 22 anos na tragédia, o julgamento traz uma esperança de justiça: "A gente espera que tenhamos um desfecho final e justo, e esses réus saim de lá condenados pelos crimes que eles cometeram"

Tragédia

Esta é considerada a segunda maior tragédia envolvendo vítimas de incêndio no Brasil, só atrás do episódio do Gran Circus Norte-americano, em 1961. Na época, 503 pessoas morreram em Niterói, no Rio de Janeiro.

O psicólogo Gabriel Rovadoschi estava na casa noturna no momento do incêndio. Ele conta que transformou a tristeza em vontade de ajudar parentes de vítimas e sobreviventes, assim como ele. Mas as imagens daquela noite jamais sairão da memória.

"Quando eu cheguei na porta pra saída pra rua, não tinha onde eu pisasse que não fosse pisar em alguém. E para mim aquele momento durou uma eternidade", lembra. 

Agora, ele está apreensivo à espera do julgamento. "Eu vou dar um jeito de acompanhar. A luta por justiça é para que -- como diz o nome do movimento 'Kiss, que não se repita' -- que isso não se repita em nenhum lugar do mundo, se possível. Porque a fuga da responsabilidade possibilita que isso aconteça de novo. Por isso a responsabilização é tão importante."

Veja reportagem do SBT Brasil:

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