TSE aprofunda investigação sobre ação hacker que teria ajudado Bolsonaro
Grupo virtual foi invadido em 2018 e passou a compartilhar material de apoio à chapa Bolsonaro-Mourão
O corregedor-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luis Felipe Salomão, determinou a adoção de medidas que aprofundam a investigação sobre o ataque hacker sofrido pelo grupo Mulheres Unidas Contra Bolsonaro em setembro de 2018 - evento que serviu de base para ações protocoladas na Corte contra a chapa Bolsonaro-Mourão pelos ex-candidatos à presidência da República Guilherme Boulos e Marina Silva.
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Em despacho assinado na 3ª feira (28.set), o magistrado ordena a expedição de um ofício ao Ministério Público de São Paulo (MPSP) para que este apresente informações referentes a um processo envolvendo Victor Gabriel de Oliveira, que foi localizado pelos advogados de Marina após a Polícia Federal (PF) apontar o homem como suspeito de ter relação com o ataque ao grupo há três anos.
Segundo afirmação feita pela ex-candidata à Presidência ao TSE, o processo menciona fatos que, em tese, indicariam o uso da plataforma PayU por parte de Victor de forma fraudulenta para receber pagamentos pelas invasões ao Mulheres Unidas Contra Bolsonaro. "Tal circunstância poderia configurar lavagem de dinheiro e demonstrar que os atos criminosos foram patrocinados por terceiros, os quais, de forma organizada, estariam interessados em suprimir a livre e democrática manifestação de mulheres, em benefício da campanha do então candidato à Presidência da República Jair Messias Bolsonaro", argumentou, de acordo com o corregedor-geral da Corte.
Os advogados de Marina chegaram a sugerir que fosse determinada busca e apreensão na casa de Victor, oitiva do suspeito e medidas para a identificação da origem dos valores que ele teria recebido. Após manifestação do Ministério Público Eleitoral (MPE) contrária às duas primeiras medidas, Luis Felipe Salomão elaborou o despacho. No documento, ele determina ainda "a remessa dos documentos anexados pelas peticionantes ao Serviço de Perícias em Informática da Polícia Federal, na pessoa do perito criminal federal Élcio Ricardo de Carvalho, designado para atuar na produção da prova pericial ora em curso nestas ações, a fim de manifestar-se quanto à pertinência e adequação com o objeto da perícia em andamento, no prazo de cinco dias".
Na ocasião do ataque, em 2018, o Mulheres Unidas Contra Bolsonaro reunia mais de 2,7 milhões de pessoas, teve seu nome alterado para Mulheres Com Bolsonaro #17 e, assim, passou a compartilhar publicações em apoio à campanha da chapa Bolsonaro-Mourão. Em maio deste ano, o TSE chegou a autorizar a quebra dos sigilos de usuários identificados como os responsáveis pelas invasões.