Justiça

PCC pagou R$ 500 mil de mesada a membros que estão presos, aponta PF

Inquérito que investiga a facção revela que as quantias pagas a cada integrante variam de R$ 1,5 mil a R$ 4 mil

Documentos anexados ao inquérito da Polícia Federal que investiga o Primeiro Comando da Capital (PCC) revelam que a organização pagou quase R$ 500 mil de mesada em janeiro de 2019 a integrantes da facção que estão presos em penitenciárias federais.
O valor repassado a cada membro do PCC varia de acordo com o motivo pelo qual cada um foi detido. A facção paga R$ 1,5 mil a presos por envolvimento em situações particulares, não diretamente ligadas ao PCC; R$ 3 mil para quem foi detido por relação direta com a organização e R$ 4 mil a quem foi parar na cadeia por cumprir missões delegadas pela facção.  
Essas quantias aparecem em planilhas obtidas pela Polícia Federal durante as investigações. Nessa relação, o Rio Grande do Norte aparece como o estado com a maior fatia da mesada paga pelo PCC em janeiro de 2019: R$ 151,5 mil. Em segundo lugar figura o estado do Mato Grosso do Sul, para onde foram destinados R$ 127 mil. Para os detentos do Paraná, a facção pagou R$ 98 mil e para os de Rondônia, R$ 58 mil. 
Segundo os investigadores, o volume de dinheiro usado pelo PCC para efetuar esses pagamentos indica que essas quantias sejam provenientes dos lucros obtidos pela organização com o narcotráfico. 
Bife e leite para as crianças
O inquérito revela ainda que a organização criminosa financia casas de apoio a famílias e a amigos de membros da facção que estão presos. 
A polícia sustenta nas investigações que o PCC mantinha um setor de contabilidade com um alto grau de complexidade. Muitos gastos e receitas da facção estão contemplados em planilhas obtidas pela PF.
Em uma dessas planilhas, a facção detalha as despesas de uma das casas de apoio, localizada em Catanduvas, no Paraná, onde também fica um presídio federal em que estão presos alguns integrantes do PCC. 
Os documentos apontam que, nessa casa, moram 14 pessoas ligadas a integrantes da facção. De acordo com as planilhas, o PCC gasta mais de R$ 7,6 mil por mês para mantê-la. Os gastos são dos mais variados. A Polícia Federal mostra que a organização criminosa pagava desde o aluguel do imóvel (R$ 1,5 mil), até açougue (R$ 1 mil), leite para as crianças (R$ 280), mercado (R$ 1,1 mil) e contas de gás, luz, água e TV (R$ 1,2 mil).
Os investigadores sustentam que o dinheiro para a manutenção dessas casas são provenientes do tráfico e da mensalidade que cada membro da facção paga para ser ligado a ela. Outra parte dessa verba viria do que o PCC chama de "rifas" - a organização cobra de seus integrantes a aquisição de determinados números para capitalização de recursos, sorteando, em troca, prêmios como motos, carros e até imóveis. 
Essa investigação motivou a segunda fase fase da operação Caixa Forte, realizada na segunda-feira (31), considerada a maior ação da história da Polícia Federal contra a lavagem de dinheiro. Durante essa força-tarefa, a polícia cumpriu 623 ordens judiciais, sendo 422 mandados de prisão preventiva e 201 mandados de busca e apreensão. Em um desses mandados, a PF apreendeu R$ 6 milhões em espécie em um endereço em Santos, no litoral de São Paulo. 
As investigações da PF nessa área ganharam um novo foco a pedido do delegado Elvis Secco, coordenador geral de repressão a drogas e facções criminosas. A partir de agora, o objetivo é desmantelar o sistema financeiro do PCC, e não concentrar esforços para a apreensão de drogas.

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