"Fizemos o possível", diz Mauro Vieira após EUA vetarem proposta do Brasil na ONU
Doze membros votaram a favor e dois se abstiveram no Conselho de Segurança, mas poder de veto de Washington prevaleceu
Os ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e da Defesa, José Múcio, deram coletiva de imprensa nesta 4ª feira (18.out), detalhando a posição do Brasil em relação à guerra entre Israel e o grupo extremista Hamas. Vieira lamentou o veto dos Estados Unidos, em reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), à proposta brasileira de resolução do conflito.
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Vieira disse que o país cumpriu seu papel, que era beneficiar os civis, e declarou que cada nação teve sua inspiração para votar no Conselho de Segurança. "Infelizmente, não foi possível aprovar essa resolução. Ficou clara uma divisão de opiniões", lamentou. O Brasil ocupa a presidência rotativa do órgão em outubro.
"Fizemos todo o esforço possível para que se cessassem as hostilidades e os sacrifícios humanos parassem, dando assistência às pessoas que estão na Faixa de Gaza. A nossa preocupação foi sempre humanitária", continuou o chefe do Itamaraty.
O texto brasileiro defendia, entre outros pontos, a criação de um corredor humanitário para a retirada de civis da zona de conflito. Na decisão, os EUA criticaram a ausência de direito de defesa de Israel contra o Hamas. Doze países votaram a favor e dois se abstiveram, mas o poder de veto de Washington no Conselho de Segurança prevaleceu.
Repatriação de brasileiros
Vieira e Múcio também fizeram um balanço do que foi realizado até agora na Operação Voltando em Paz, que tem repatriado brasileiros da região do conflito. Os voos ao Oriente Médio são organizados e coordenados pela Força Aérea Brasileira (FAB).
Segundo Vieira, o próximo voo que sairá de Tel Aviv, capital de Israel, deve reunir 15 estrangeiros de Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai. Nove países da América Latina pediram ajuda ao Brasil na repatriação de seus cidadãos.
"A partir dessa madrugada, teremos 1.137 brasileiros em casa, salvos e em paz", afirmou Múcio. Cerca de 150 pessoas em Israel ainda devem voltar ao Brasil.
Sobre a situação do grupo de 30 brasileiros que há vários dias aguarda resgate entre Gaza e Egito, o Itamaraty segue esperando a liberação da fronteira. Vieira disse que ainda "não há perspectiva" para a abertura da passagem.
"Já falei duas vezes com o ministro do Egito pedindo que, não sendo tão numerosos os brasileiros, que seja feita da maneira mais rápida, no momento em que for aberta a passagem para todos", declarou.
O avião que buscará esses brasileiros em Gaza, um VC-2 (Embraer 190) cedido pela Presidência da República, com capacidade para 40 passageiros, pousou no Egito nesta 4ª, carregando purificadores de água, kits de medicamentos e outros insumos doados pelo governo federal.
Após uma primeira parada, no Aeroporto Internacional de El-Arish, para deixar os suprimentos de ajuda humanitária, a aeronave seguiu para Cairo. Lá, aguarda definição sobre a situação dos brasileiros abrigados nas cidades de Rafah e Khan Younes, na fronteira entre Gaza e Egito, para trazê-los de volta ao país.
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